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Blog do Lorençato

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O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas no YouTube. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Qual o melhor fettuccine alfredo: de Roma ou de São Paulo?

Uma das massas mais copiadas do mundo também é feita com categoria na capital paulista

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 14h17 - Publicado em 5 jul 2014, 01h21
Fettuccine alfredo, em Roma: receita original copiada no mundo todo (Foto: Arnaldo Lorençato) (Arnaldo Lorençato/Veja SP)
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É quase uma lenda gastronômica e um dos mais autênticos símbolos culinários de Roma. Estou falando do fettuccine all’afredo ou fettuccine alfredo, inventado na capital italiana.

Provei a versão original, servida no restaurante Alfredo, na capital italiana, onde o molho foi criado, e aqui em São Paulo, a criada em homenagem à original com o nome de fettuccine imperiale pelo chef Marco Renzetti, na Osteria del Pettirosso, cantina número 1 na edição 2013 do “Comer & Beber”. O veredito revelo já, já.

+ Aprenda a fazer o fettuccine alfredo da Osteria del Pettirosso

Antes, contarei um pouco da história da receita.

Como uma simples mistura de manteiga, parmesão e água para banhar a massa de fios longos, planos e estreitos se tornou tão famosa, correu o mundo e invadiu tantos cardápios? A resposta não poderia ser mais glamourosa.

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Fachada do restaurante na Piazza Augusto Imperatore: desde 1950 nesse endereço (Arnaldo Lorençato/Veja SP)
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Bastou uma visita do casal sensação de Hollywood, Mary Pickford e Douglas Fairbanks, durante uma viagem em 1927.

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O casal de astros hollywoodianos Mary Pickford e Douglas Fairbanks: talhares de ouro ()

Astros do cinema mudo, Pickford e Fairbanks teriam visitado o restaurante Alfredo, que na época ficava na Via della Scrofa — a inauguração foi mais de duas décadas antes na Piazza Rosa. De tão encantados com o prato, presentearam o proprietário Alfredo Di Lelio com um garfo e uma colher de ouro.

Talhares preciosos para saborear o macarrão. Pronto. Foi adicionado o ingrediente necessário para gerar o mito e virar objeto do desejo.

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+ Helena Rizzo, do Maní, é a melhor chef do mundo

A II Guerra Mundial trouxe consequências danosas para o negócio de Di Lelio, que acabou por passar o restaurante com seu nome, em 1943, aos funcionários do estabelecimento. Só em 1950, o restaurateur tornou-se novamente o dono, agora fixado na Piazza Augusto Imperatore, 30, onde permanece até hoje. Atualmente, possui franquias internacionais, duas delas no Brasil, uma em Salvador e outra no Rio de Janeiro.

A sede romana ocupa um salão gigante no centro histórico da Cidade Eterna, é decorada com fotos de muitas das celebridades de outras eras que ocuparam suas mesas, entre elas beldades como a princesa Grace Kelly e a atriz Elizabeth Taylor, além dos craques Pelé e Falcão.

Há torcida a favor e contra o fettuccine alfredo. Os detratores costumam dizer que essa não seria uma invenção. Di Lelio teria apenas feito uma reelaboração do clássico al triplo burro, ou três vezes manteiga.

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Alfredo Di Lelio, criador de uma das receitas mais copiadas do mundo: no endereço original da Via della Scrofa (Arnaldo Lorençato/Veja SP)

Sou do time dos que torcem a favor. Gosto dessa versão simples e cheia de sabor. Aliás, não só eu, mas uma legião nos quatro cantos do planeta, já que o molho foi copiado à exaustão.

Já publiquei no blog a versão do chef Marco Renzetti, que você confere aqui. Se não der certo ao tentar fazer em casa essa mistura rápida, mágica e um pouco trabalhosa — nem pense em desanimar. É frequente errar na primeira vez de preparar o molho.

Bem, você deve estar se perguntado: já que o Lorençato foi tão longe para provar o prato e compará-lo com o da Osteria del Pettirosso, o que ele achou?

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Ambos são bons. Em Roma, a massa é delicada, porém, muito mais mole do que eu gostaria e do que seria ideal — sim, na Itália também tem massa mole. O molho, porém, é imbatível. Mesmo com o garçom no piloto automático de tanto preparar para incontáveis turistas como pode ser visto no vídeo, ele vem fluído e ao mesmo tempo viscoso, impregna no macarrão.

Em São Paulo, Renzentti, na Osteria del Pettirosso, acerta no cozimento, o macarrão fresco vem al dente  como eu gosto.  O molho é muito bom, mas em Roma é ainda melhor.

Terminamos em empate. Placar 1 X 1.

+ Para bancar o chef: as receitas de VEJA SÃO PAULO

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Para terminar, só gostaria de lembrar uma coisa, como faço em São Paulo, em Roma também paguei a conta e fui lá como qualquer cliente. A diferença é que fotografei tudo e aproveitei as benesses do celular para gravar a visita em vídeo.

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