Memória: Marcos Bassi, o mestre do churrasco
Um dos maiores especialistas em carnes, Marcos Bassi nos deixou ontem. Simpatia em pessoa, tinha 64 anos e era alto e corpulento com voz de baixo-barítono. Partiu deixando a viúva Rosa e as filhas Fabiana e Tatiana, esta um de seus braços direitos na administração dos negócios, entre eles a ótima churrascaria Templo da Carne […]
Um dos maiores especialistas em carnes, Marcos Bassi nos deixou ontem. Simpatia em pessoa, tinha 64 anos e era alto e corpulento com voz de baixo-barítono. Partiu deixando a viúva Rosa e as filhas Fabiana e Tatiana, esta um de seus braços direitos na administração dos negócios, entre eles a ótima churrascaria Templo da Carne Marcos Bassi. Deixou também uma legião de fãs dos ótimos grelhados com que nos alimentou nos últimos 35 anos.
Escrevo sobre gastronomia há mais de duas décadas e nesse período encontrei-o, no máximo, meia dúzia de vezes. Em um desses raros encontros, o mais casual deles, Bassi estava internado no Hospital Sírio Libanês para se tratar de uma intoxicação por peixe. Imagine o artesão da carne contaminado por um pescado. Embora um pouco abatido, mantinha o sorriso largo que sempre o caracterizou. Disse que não via a hora de ter alta para voltar à churrascaria. Isso foi há três anos.
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Inquieto, Bassi, nascido Guardabassi, fez uma grande reforma em seu restaurante em 2006. Do ponto original, um tanto acanhado, nada sobrou. O lugar se transformou em um salão grandioso e confortável, sempre lotado como na última visita que fiz em maio do ano passado. Ainda lembro com saudade da costelinha suína tostada e do bife ancho como há poucos na cidade.
Foi justamente a única vez que me encontrei com Bassi no restaurante. Ele estava recebendo um grupo de clientes e eu, de saída. Depois, esperava revê-lo em setembro na premiação da edição anual “Comer & Beber”, já que o Templo da Carne era um dos restaurantes indicados. Mas com problemas de saúde, infelizmente, ele não compareceu. Foi representado pela filha Tatiana.
Em novembro, conversamos novamente por telefone sobre Carnes e Churrasco (Senac São Paulo; 128 páginas; 99,90 reais), que seria lançado em seguida. O livro era ao mesmo tempo um manual ilustrado para quem quer fazer churrasco de qualidade em casa e também uma obra autobiográfica, a trajetória exemplar do restaurateur que começou a carreira ainda adolescente vendendo miúdos de porta em porta pelas ruas do Brás onde se criou, tornou-se dono de uma banca no Mercado Municipal e, finalmente, arrematou um açougue na Bela Vista, batizado depois de Casa de Carnes Bassi. O especialista do churrasco, que revelou ao mundo cortes como o bombom (extraído da alcatra), só se tornaria dono de restaurante em 1978.
Uma vez por ano, era certo conversar com ele. Religiosamente, pouco antes do Natal, Bassi ligava para desejar um ano melhor. Em 2013, o telefone estará mudo e sentirei falta de suas palavras de esperança.
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