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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Morre Luciano Percussi, fundador da Vinheria Percussi

Especialista em vinhos e azeites, o restaurateur italiano faleceu nesta segunda (18)

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 19 dez 2023, 10h07 - Publicado em 19 dez 2023, 09h40

O nome não poderia ser mais revelador: Vinheria Percussi. Quando o italiano da aldeia de Le Pozze, coladinha a Pistoia, na região da Toscana, Luciano Percussi (1926-2023) abriu a primeira versão do restaurante em 1985, o lugar não era mais do que uma sanduicheria que celebrava a bebida que ele tanto amava: o vinho.

Percussi morreu na madrugada desta segunda (18) aos 97 anos de causas naturais em decorrência da idade. Estava em sua casa ao lado da esposa Maria Grazia. “A velhice o levou”, me contou a filha Silvia Percussi emocionada e com lágrimas nos olhos. O sepultamento foi no mesmo dia, no Cemitério do Morumbi.

Luciano Percussi abriu uma loja que se tornou precursora dos atuais bares de vinho

Antes de vir para o Brasil e se fixar em São Paulo, Percussi foi oficial da Marinha de seu país. Trocou a vida nos oceanos para empreender nos ramos da madeira e do ferro, que deixou, posteriormente, pela devoção ao vinho. Foi um divulgador de tintos e brancos, lançou livros sobre o tema. O primeiro deles, Vinho, o Bom Companheiro, foi publicado em 1992.

Na inauguração em 4 de julho de 1985, Percussi montou o que seria uma loja de vinhos que oferecia também opções em taça. Era um moderno precursor dos atuais bares de vinhos. No pequeno espaço na Rua Joaquim Antunes, 468, em Pinheiros, havia quatro mesinhas para desfrutar da bebida.

Para forrar o estômago e conter excessos etílicos, a clientela poderia se servir de baguetes, frios, queijos e patês dispostos num bufê. A paixão pela enologia era tanta que, pouco depois, Percussi tinha um rótulo com seu sobrenome, produzido na Serra Gaúcha.

Chegava a ser radical nesse primeiro momento e não dispunha de uma única garrafa de refrigerante ou cerveja em suas geladeiras. Com o sucesso, viu-se obrigado a transferir o embrião do restaurante para a Rua Cônego Eugênio Leite, no mesmo bairro, onde incorporou um imóvel vizinho quase duas décadas mais tarde.

Num primeiro momento, a Vinheria Percussi chegou a vender comida a quilo no almoço e opções à la carte no jantar. A vocação gastronômica falou mais alto e um menu de almoço e jantar foi implantado.

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Lamberto Percussi, filho de Luciano Percussi, assumiu a administração junto ao pai em 1988. O cardápio, ainda variado, ganhou sua melhor tradução com o ingresso de Silvia na cozinha no ano seguinte.

Para se aperfeiçoar na lida culinária muito antes do surgimento dos cursos universitários de gastronomia, Silvia foi aluna de Martha Kardos, lendária professora húngara. Com essa transição, não tardou a surgir um cardápio italiano refinado, que por anos mereceu quatro das cinco-estrelas máximas de VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER.

Com a presença de Lamberto e Silvia no restaurante, Luciano pôde se distanciar da administração e dedicar-se a prazeres como escrever livros. Além dos vinhos,  publicou uma única obra, em 2018, sobre óleo de oliva pela Editora Senac — Azeite está hoje na quinta edição.

Após 36 anos no mesmo mesmo endereço da Cônego Eugênio Leite, os Percussi venderam os imóveis que compunham a Vinheria e um prédio de escritórios anexo. A última refeição nesse ponto foi servida em 31 de dezembro de 2021, como noticiei no blog.

O Vinheira voltou em março deste ano mais informal, com jeitão de trattoria também em Pinheiros, na Rua Bianchi Bertoldi, 109. Luciano teve o prazer de conhecer a casa nova antes de sua partida e aprová-la.

“Papai falava que era um orgulho ter nosso sobrenome na fachada do restaurante”, lembra Silvia. Desse senhor cordial, fica a contribuição para o aprimoramento da gastronomia paulistana e do país, bem como seus valiosos ensinamentos sobre vinhos e azeites.

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