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Por Arnaldo Lorençato
O editor-sênior Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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De volta: Maria Brigadeiro ressurge em um charmoso imóvel em Pinheiros

A confeiteira e empresária Juliana Motter reabre o misto de loja e fábrica do docinho brasileiro

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
5 ago 2022, 06h00

Certamente, só a vizinhança da Rua Simão Álvares, em Pinheiros, deve ter notado. Ainda com muita discrição, está funcionando em uma charmosa loja a Maria Brigadeiro, numa das esquinas da via arborizada.

É ali que Juliana Motter, que chegou a ter duas unidades de rua, duas em shopping e uma cozinha industrial, concentra, desde a segunda quinzena de julho, toda a sua produção dos docinhos brasileiros feitos com excepcional qualidade, por causa de uma das matérias-primas essenciais: o chocolate.

Ou seja, nada de achocolatado ou granulados cheios de gordura hidrogenada. Esse encolhimento não foi por acaso e tem a ver com os efeitos da pandemia. Com a necessária paradeira geral dois anos atrás, a confeiteira precisou interromper as atividades no movimentado ponto de venda que mantinha no Shopping JK Iguatemi e na central de produção, instalada em uma casa enorme na Rua Jorge Rizzo.

 

foto de cacau, uma barra e um brigadeiro
Sem achocolatados: doces feitos com cacau direto da fonte (Clayton Vieira/Veja SP)

 

Era nesse imóvel, na região do Largo da Batata, que ela controlava toda a fabricação, que ia da escolha do cacau de agricultores no sul da Bahia aos docinhos finalizados com confeitos de produção própria, o chamado bean-to-bar. “Como não tinha operação, fiquei apenas com um celular corporativo. Suspendi para evitar custos”, conta Juliana.

A alternativa foi se virar com as entregas para clientes fiéis. “Com o delivery, reacendeu uma esperança. Voltei a me envolver em todos os processos, porque tinha me tornado mais uma administradora”, conta. Ao reabrir a cozinha de produção, ela descobriu um par de limoeiros que havia frutificado no quintal. “Tinha muito limão-cravo. Estava lá e não cultivei. Resolvi fazer brigadeiro com o que havia à mão, em vez de usar limão-siciliano”, revela sobre a bem-vinda substituição.

 

funcionárias boleando brigadeiros
Receitas tentadoras: massa torneada na hora pelas funcionárias (Clayton Vieira/Veja SP)

“Fui entendendo, meio que simbolicamente, como a gente ia seguir.” Um de seus temores era que ela acreditava que fosse encerrar as atividades, em particular quando, ao se desfazer da loja do JK, teve de devolver a cozinha central. Por outro lado, era motivada pela convicção de seguir.

A partir daí, iniciou a procura de um lugar para levar a Maria Brigadeiro. Foi quando descobriu o ponto fechado na Simão Álvares. “Por mais de quarenta anos funcionou um açougue neste lugar. A gente comprava carne aqui”, conta Juliana, filha de professores, que, como ela, sempre moraram no bairro.

O curioso é que a confeiteira não come carne há mais de uma década, no máximo peixe. “Apesar de ser um açougue, o lugar tinha uma energia ótima.” A mudança não foi tão tranquila assim. A Maria Brigadeiro saiu de uma casa de 400 metros quadrados para se compactar em 70 metros quadrados. “O sonho tem de caber numa realidade”, afirma. Foi necessária uma redução radical.

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Como o espaço não comporta tudo, a produção do chocolate passou a ser feita por uma fábrica parceira, mas com receita própria, como Juliana gosta de frisar. Quem passar por lá vai poder ver uma cozinha envidraçada onde a pequena e comprometida equipe de artesãs enrola os docinhos na hora do pedido. “Finalizar o brigadeiro na hora é um valor como marca”, define a confeiteira-empresária. Ali também se acompanha o processo de temperagem do chocolate, que, além dos confeitos, se transforma em barras caprichadas (leia a crítica aqui).

Juliana temperando chocolate
Mão na massa: a temperagem do chocolate (Clayton Vieira/Veja SP)

Dá para saborear catorze variedades do docinho (cada unidade sai a 6,50 reais) mais versões no copinho e bombons, que podem ser acompanhados de um café expresso. Com a nova e única unidade, é como se de alguma forma a Maria Brigadeiro voltasse às origens. Lá atrás, em 2007, quando Juliana iniciou o negócio, vendia brigadeiro em sua própria casa, numa vilazinha da Rua Cristiano Viana, em Pinheiros.

O sucesso foi tanto que transformou em um ateliê o térreo da própria residência. Não demorou dois anos para que se mudasse para a Rua Capote Valente, também no bairro, onde instalou a primeira fábrica, motivada pela vontade de ter o controle de todas as etapas, a principiar pela fabricação do próprio chocolate (esse ponto desapareceu para dar lugar a um edifício).

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Se não foi a pioneira, Juliana foi uma das primeiras a montar uma loja especializada na guloseima. Com tanto empenho nesses quinze anos, a confeiteira ensinou que brigadeiro não é apenas um docinho de festa de criança. É uma gostosura para toda hora, que agrada a pequenos e adultos.

bandeja cheia de brigadeiros

Brigadeiros: versão de limão-cravo da guloseima (Clayton Vieira/Veja SP)

Maria Brigadeiro
Rua Simão Álvares, 341, Pinheiros, WhatsApp. 94974-0048.
Das 10h30 até 17h30 (fecha domingo)
Tem  delivery e retiradas.
mariabrigadeiro.com.br.

+Assine a Vejinha a partir de 9,90. 

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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de agosto de 2022, edição nº 2801

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