Grávidas atendidas pelo SUS não têm a opção de escolher maternidade
Unidade de saúde indica local onde será o parto, que pode ser visitado com antecedência pela gestante
Gestantes atendidas pela rede pública não têm a opção de visitar maternidades e escolher a de sua preferência. Fazem o pré-natal na Unidade Básica de Saúde do bairro e cabe ao postinho fazer o encaminhamento para a maternidade mais próxima.
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Só em casos de exceção — como gestação de alto risco — é que as gestantes são enviadas para outros locais. Elas podem visitar antes a instituição do parto.
Grávida do primeiro filho, a garçonete Suelma Galdino, 29, faz o pré-natal pelo SUS, no posto de saúde do Jardim Lucélia. “Gostaria muito de ganhar o meu bebê num hospital que eu pudesse escolher (o de Campo Limpo) e me sentir mais segura e confortável, porém, o posto de saúde já me avisou que vou ter na maternidade (estadual) de Interlagos. Tomara que dê tudo certo.”
A dona de casa Leilane Veronez, 23, grávida de seis meses, só nesta quarta gravidez conseguiu escolher onde vai ganhar o bebê, que nascerá em agosto em uma maternidade atendida pelo convênio médico do marido, João Vitor. Nas três primeiras gestações, Leilane fez o pré-natal pelo SUS e não teve muita opção — o primeiro parto ocorreu no Hospital Municipal do Campo Limpo e os outros dois na maternidade do Hospital Geral do Grajaú, ambos na Zona Sul.
Ela até que tentou escolher o local do nascimento nas duas primeiras gestações, quando fazia o acompanhamento do pré-natal também na Casa Angela, casa de parto humanizado referência no atendimento de gestantes de baixo risco. Na primeira vez, após mais de doze horas de trabalho de parto ativo, precisou ser levada às pressas de ambulância para o hospital do Campo Limpo — distante menos de 3 quilômetros da Casa Angela — porque a filha, Zoe, não nascia e podia entrar em sofrimento.
Mesmo que a mãe seja jovem e saudável, diante de qualquer risco a casa de parto tem como protocolo o encaminhamento para um hospital com infraestrutura adequada. Na segunda gestação, Leilane tentou novamente fazer um parto humanizado na Casa Angela, sem sucesso.
“Quando começaram as contrações, fui até lá, mas a altura uterina não se enquadrava nos quesitos de segurança para o parto. A bebê poderia ser muito grande e entrar em sofrimento. Aí me mandaram para o hospital Grajaú.” Na terceira gravidez, Leilane já foi direto para o hospital indicado. “Eu sonhava com uma experiência mais segura e acolhedora, mais humanizada, com direito de ir e vir, com acompanhante o tempo todo, em poder ter meus filhos na posição desejada. Mas não deu. Apesar disso, tive os três de parto normal e correu tudo bem.”
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, dos 403 estabelecimentos de São Paulo com leitos obstétricos, 268 atendem ao SUS. Na rede estadual, há maternidades de alto e baixo risco e a gestante é encaminhada para a unidade referência conforme a sua necessidade terapêutica.
Também informou que todas as maternidades do estado respeitam a Lei Federal nº 11 108, que assegura o direito da gestante de ter acompanhante no trabalho de parto, e garantem o atendimento ao plano individual de parto, desde que não haja risco para mãe e bebê.
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Publicado em VEJA São Paulo de 17 de maio de 2023, edição nº 2841