“Bate-cabeça” de órgãos da prefeitura empaca obra na avenida Santo Amaro
Em metade do tempo estipulado, apenas 20% das melhorias foram realizadas; quem sofre são as 230 000 pessoas que passam por lá todo o dia
A demora nas obras de um trecho da avenida Santo Amaro, na Zona Sul, acendeu o alerta do Tribunal de Contas do Município (TCM). Prevista para durar dois anos, a requalificação avançou apenas 20% nos primeiros 13 meses. No dia 2, o órgão pediu à prefeitura que encontre, em 15 dias, maneiras de acelerar a empreitada e minimizar os transtornos a comerciantes, moradores e às mais de 230 000 pessoas que circulam pela região diariamente. Há indícios, porém, de que a lentidão seja consequência de uma “batida de cabeças” na própria gestão municipal.
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Ao custo de 74 milhões de reais, a obra vai readequar um trecho de 2,7 quilômetros entre as avenidas Presidente Juscelino Kubitschek e Bandeirantes, que corta bairros nobres como Itaim Bibi, Vila Olímpia, Vila Nova Conceição e Moema. O contrato prevê um novo pavimento, o enterramento de redes de fiação e melhorias na iluminação e na drenagem urbana.
A CET autorizou o bloqueio de apenas duas das seis faixas da avenida para o serviço — as duas centrais. A SPObras, no entanto, alega que precisa de ao menos quatro faixas para que a obra seja feita no ritmo adequado. Em uma sessão plenária do TCM, no dia 2, o conselheiro Domingos Dissei pediu que os dois órgãos se entendam sobre a divergência. “Que façam em carater de urgência uma reunião entre a CET e a SPObras para resolver a questão. [No compasso atual, a requalificação] vai dobrar [de duração] e aí você tem um acréscimo muito grande no valor”, ele afirmou.
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Movimentada e frequentemente caótica, a Santo Amaro não será tarefa fácil para os técnicos de trânsito durante o quebra-quebra. “Fechar quatro faixas iria inviabilizar a passagem da frota de veículos que usa a avenida, inclusive para o acesso de moradores”, diz Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela USP.
Na região, Vejinha viu poucos orientadores de trânsito, máquinas de obra paradas, trânsito confuso (motos sobem nas calçadas, ônibus batem nos gradis de bloqueio) e diversos transtornos. “Tem carro que precisamos lavar três vezes”, diz o polidor de automóveis Luciano da Costa, de uma oficina na avenida. A prefeitura informa que apresentará ao TCM uma solução sobre a metodologia construtiva — e um novo prazo de entrega.
Publicado em VEJA São Paulo de 16 de agosto de 2023, edição nº 2854