Mudança de endereço do Capim Santo é adiada
A reforma do novo imóvel está paralisada por conta da pandemia
Em novembro do ano passado, entrevistei a chef Morena Leite, que na época estava com um barrigão de sete meses de sua caçula. Grávida, mantinha-se toda animada tocando a reforma do novo Capim Santo paulistano. Em 21 anos de história, o restaurante de cozinha brasileira, aberto em 1998, estava se mudando para seu terceiro endereço depois de permanecer quinze anos no mesmo ponto. Migraria da Rua Ministro Rocha Azevedo para a paralela Rua Padre João Manuel.
Era prevista inclusive uma redução de área. Dos 1000 metros quadrados do imóvel atual, que virará uma torre residencial, perderia 300 metros quadrados. Em compensação, ficaria mais bonito com o projeto do arquiteto Miguel Pinto Guimarães, que previa transformar o lugar numa grandiosa catedral de bambu. “Trouxe a inspiração de Bali, onde morei um por um ano”, contou Morena, à época, sobre o cenário que se completa com o paisagismo de Carla Oldemburg e a iluminação de Maneco Quinderé.
Na terça (17) e na quarta (18), os efeitos da pandemia fizeram Morena mudar completamente de planos. Ela fechou os três Santinhos, com vocação para almoço e localizados em espaços culturais: o Instituto Tomie Ohtake, o Museu da Casa Brasileira e o Teatro Municipal. Também suspendeu as atividades do Capim Santo paulistano, que deveriam se estender até 30 de março. Foram encerradas ainda a unidade de Trancoso (BA), onde o negócio aberto por seus pais começou, assim como a filial carioca.
“Decidir fechar um restaurante, mesmo que temporariamente, não é fácil. Não se pode cair no pânico, mas é preciso ser realista e ver que os cenários estão mudando. Estou com 70% da obra no Capim Santo pronta, mas não sei se vou ter fôlego financeiro para terminar. Estou de luto. Como vou atravessar essa onda?”, pergunta-se Morena. A mesma pergunta que se fazem muitos chefs e empresários do ramo.
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