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Médica da prefeitura diz que capital já vive surto de gripe

Conselheiros municipais de saúde já vêm alertando sobre o aumento de casos de gripe desde o dia 6 deste mês

Por Clayton Freitas
Atualizado em 14 dez 2021, 20h36 - Publicado em 14 dez 2021, 19h22
Pessoas sentadas em uma sala de consulta
Sala de espera por consulta na AMA Paraisópolis na última terça-feira (14) (Cria Brasil/Divulgação/Divulgação)
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Em uma reunião ocorrida na tarde desta terça-feira (14) envolvendo sindicalistas da área de saúde e integrantes da Secretaria Municipal de Saúde, a médica Marilande Marcolin, secretária-executiva de atenção hospitalar da pasta, disse que a cidade de São Paulo já vive um surto de gripe (Influenza).

“O Omicrôn já está entre nós e há um surto de Influenza na cidade”, afirmou durante a reunião. A médica explicou que desde o dia 5 de dezembro está havendo aumento do número de casos de gripe.

+ Conselheiros alertam sobre surto de gripe desde o início de dezembro

A informação foi confirmada à VEJA São Paulo por diferentes fontes que participaram da reunião.

A Secretaria Municipal de Saúde foi procurada para comentar o assunto e não havia se manifestado até as 19h desta terça-feira. Assim que o fizer, sua posição será acrescida a este texto.

Essa foi a justificativa dada para que a escala de férias dos funcionários fosse readequada. Dos 720 que poderiam tirar férias nos próximos dias, 100 tiveram que remarcar para outras datas. O temor é o de que falte funcionários justamente neste momento, em que está sendo registrado aumento de atendimentos.

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A elevação expressiva no número de casos de gripe tem chamado a atenção de líderes comunitários e também de integrantes do Conselho Municipal de Saúde da cidade de São Paulo.

O temor é o de que a situação fique fora de controle tal qual no Rio de Janeiro, onde os casos de gripe já superam em cinco vezes os de Covid-19. A situação levou o governo paulista a doar R$ 400 mil doses de vacina contra a gripe para a prefeitura carioca.

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Reportagem de VEJA São Paulo mostrou que os casos de gripe entre crianças na cidade de São Paulo chegou a aumentar até 30% em alguns hospitais da cidade.

Segundo Lourdes Estevão Araújo, secretária dos trabalhadores da saúde do Sindsep-SP (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo), vários profissionais da rede pública municipal de saúde da capital têm sido afastados devido a complicações de doenças respiratórias e gripes.

“Os funcionários estão extremamente cansados. Já são dois anos de pandemia e tivemos muitos trabalhadores contaminados [Covid]. Não tivemos concurso público e agora eles estão enfrentando UPAs lotadas e AMAs lotadas pela gripe”, disse.

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O surto de gripe já é discutido entre integrantes do CMS (Conselho Municipal de Saúde), órgão que assessora a prefeitura na tomada de decisões para a área.

O conselheiro Anderson Lopes, representante da Zona Sul no segmento de usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), afirma se tratar de um surto sem precedentes e que já é de conhecimento da Secretaria Municipal de Saúde.

“Eles [integrantes da secretaria] estão abafando isso mas não tem jeito. A impressão que dá é que estão impactados com a falta de planejamento estratégico”, afirmou.

Segundo disse, a média diária de queixas respiratórias e de gripe atendidas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Campo Limpo (Zona Sul) mais do que triplicou. Entre outubro e novembro eram atendidos de 100 a 120 pessoas por dia com queixas de gripe e problemas respiratórios, número que saltou para 350 ao dia desde o dia 6 deste mês. A situação levou a unidade a abrir mais quatro leitos de pediatria, além dos sete já existentes.

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O problema também acontece em unidades de saúde de Santo Amaro, onde o aumento na demanda foi de 60%, segundo Adriana Matos Pereira, coordenadora do Fórum Regional de Saúde da Zona Sul e integrante do Conselho Municipal de Saúde.

“As unidades estão ficando sobrecarregadas, estamos com falta de médicos em várias regiões e muitos profissionais precisam fazer dupla jornada para cobrir os que faltam. Alguns dias a demora no atendimento chega a seis horas”, afirma.

Na AMA (Assistência Médica Ambulatorial) do Jardim São Luis, também na Zona Sul, só até as 15h45 desta segunda-feira (13) havia sido abertas 400 fichas de queixas de síndrome gripal e problemas respiratórios. “É mais do que a média de atendimentos diária da unidade em todas as especialidades que oferece”, afirma Lopes.

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Segundo a farmacêutica Adriana Arduino, diretora regional da área leste do SindSaúde-SP (Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo), há aumento na quantidade de casos registrados como pneumonia bacteriana e broncopneumonia, tanto em adultos quanto em crianças.

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Adriana conta que a maior parte dos testes tem dado positivo para VSR (vírus sincicial respiratório), muito comum em bebês prematuros, com problemas no pulmão ou cardiopatas. O que tem chamado a atenção das autoridades de saúde é que ele tem sido detectado também em adultos, segundo indicam exames laboratoriais.

Comunidades

Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas, afirma que a AMA Paraisópolis está recebendo uma média de 600 pessoas por dia desde o último sábado (11). Por lá, o atendimento chega a demorar uma hora e meia.

Imagens produzidas nesta terça-feira (14) no local mostram várias pessoas sentadas no chão à espera de atendimento, já que a demanda é tão grande que não há local para sentar.

Outra líder comunitária, Cleide Alves, presidente da UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região), afirmou que as quatro UBSs (unidades básicas de saúde) do entorno da comunidade estão superlotadas.

Segundo diz, das cerca de 700 pessoas envolvidas na UNAS, 10% tiveram que se afastar dos projetos por gripe. “A gente vê na comunidade uma situação muito ruim”, afirmou.

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Entre as unidades que ficam na região estão a Sacomã e Vila Mara, esta última que fica ao lado da sede da CUFA (Central Única das Favelas do Estado de São Paulo).

A gripe não poupou sequer Marcivan Barreto, presidente da CUFA. “Até eu peguei, fiquei preocupado porque já estava achando que era outra coisa. Me assustou”, disse.

Segundo diz, além dele, vários outros integrantes da ONG tiveram de ser afastados por complicações da gripe, que é um dos assuntos de saúde mais comentados por moradores da comunidade.

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