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Profissões que estão em processo de extinção

Tocador de realejo, amolador de facas, professor de caligrafia e outros heróis da resistência

Por Felipe Zylbersztajn
Atualizado em 27 dez 2016, 16h24 - Publicado em 9 nov 2012, 16h51

O suspiro final de algumas profissões é um processo permanente, que acontece de modo implacável. Basta olhar com cuidado. Em São Paulo, há uma São Paulo que desaparece em silêncio todos os dias. Figuras que somem sem deixar rastros, atropeladas por novos equipamentos ou pelas mudanças de costumes sociais. “De tempos em tempos, há uma ruptura com o passado”, diz a historiadora Karen Worcman. “Nas últimas duas gerações, porém, o fenômeno ocorreu de forma mais acelerada por força da tecnologia.” Karen é diretora do Museu da Pessoa, na Vila Madalena, que tem mapeado sistematicamente ofícios que estão deixando de existir no Brasil. Não é difícil puxar pela memória alguns que já não fazem sentido na era digital: telegrafista, perfurador de cartões e fotógrafos lambe-lambe, entre outros exemplos.

Há ainda aquelas especialidades que estão no meio do caminho — é possível encontrar seus últimos representantes, mas não os candidatos a assumir o posto no futuro. São os últimos da espécie. Por ironia do destino, muitos deles têm vivido um processo de retomada de interesse em sua área, motivados pela mesma tecnologia que quase os matou. O técnico de fliperama que encontrou um novo público por meio da internet; o caneteiro que recebe encomendas do Brasil inteiro por causa de seu website; o mecanógrafo que se corresponde com colecionadores por e-mail. Em alguns casos, fica clara a angústia de saber que o ofício deve acabar junto com eles próprios. Parece ser um caminho sem volta. E não adianta chamar uma carpideira para lamentar a situação. Aliás, carpideira é das coisas mais difíceis de encontrar nos dias de hoje na cidade.

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José Batalha Rodrigues reforma e vende máquinas de pinball a preços entre oito e vinte mil reais ( / Os últimos da espécie: técnico de fliperama)
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José Cuzzi se dedica desde os onze anos à construção de ternos ( / Os últimos da espécie: alfaiate)
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Restaurar máquinas de escrever é a especialidade de Ronaldo Valim ( / Os últimos da espécie: mecanógrafo)
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Antônio De Franco Neto forma cerca de 1.000 alunos por ano em sua escola de caligrafia ( / Os últimos da espécie: professor de caligrafia)
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Roberto Marques, mais conhecido como O Médico das Canetas, conserta cerca de 300 unidades por mês ( / Os últimos da espécie: caneteiro)
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Aldo Grecco representa a quinta geração da família que se dedicou a fazer guarda-chuvas ( / Os últimos da espécie: guarda-chuveiro)
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Aparecido Lima e Jorge Edmundo, de Campo Limpo Paulista, vêm a São Paulo todos os dias para amolar facas, alicates e outros objetos ( / Os últimos da espécie: amolador)
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Orlando Meira ouve de longe quando um relógio está fora do compasso ( / Os últimos da espécie: penduleiro)
9/10
João Patrício participa de eventos como casamentos e festas coorporativas com o seu realejo ( / Os últimos da espécie: tocador de realejo)
10/10
José da Silva Filho não consegue abandonar a profissão mesmo após a queda na demanda pelo trabalho ( / Os últimos da espécie: desentupidor taquareiro)

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