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Os últimos da espécie: técnico de fliperama

José Batalha Rodrigues reforma e vende máquinas de pinball a preços entre oito e vinte mil reais

Por Felipe Zylbersztajn
Atualizado em 5 dez 2016, 16h39 - Publicado em 8 nov 2012, 20h36

A “sede” da Pinball Games tem cerca de 300 metros quadrados e fica no quintal da residência do seu proprietário, numa área rural de Mogi das Cruzes, a 65 quilômetros da capital. No lugar, há pilhas de campos de jogo, sucatas espalhadas por todos os cantos e um cemitério de peças de reposição. Em sua maioria, os produtos encontram-se desmontados, abertos, com a fiação aparente. Num deles, de tema espacial, as galinhas da casa deixaram três ovos entre as engrenagens. O dono do pedaço, José Batalha Rodrigues, de 57 anos, apenas sorri diante do espanto que a bagunça costuma provocar nos visitantes. “Para mim, é fliperama! Mas, na década de 90, o pessoal começou a chamar isto aqui de pinball. Então entrei nessa também, porque meu cliente hoje chama de pinball, entendeu?”, diz Batalha, enquanto caminha entre 250 máquinas à espera de restauro. Dependendo do grau de complexidade, o processo pode demorar três meses. Quando termina a reforma, ele vende o negócio funcionando direitinho por preços entre R$ 8.000,00 e R$ 20.000,00. Por ano, segundo seus cálculos, chega a comercializar quarenta unidades.

Fluminense de Volta Redonda, Batalha veio para São Paulo em busca de trabalho como técnico em eletrônica, em 1975. Conseguiu emprego na Taito, gigante japonês do ramo de diversões eletrônicas. No tempo que passou na empresa, acompanhou de perto a chegada de fliperamas clássicos, como Fire Action, Oba Oba e Cavaleiro Negro. Na década de 80, o auge da febre do jogo por aqui, começou um empreendimento próprio. Comprou algumas máquinas e passou a alugá-las aos donos de bares da Zona Leste. “Fiz um dinheiro bom, mas logo a coisa começou a avacalhar”, conta. A popularização dos computadores pessoais e dos videogames caseiros marcou o declínio do pinball no país. “De repente, a máquina não valia mais nada. O pessoal jogava fora, fazia fogueira…”, lembra.

Os anos 2000 iniciaram um novo ciclo, com a redescoberta da brincadeira no Brasil e o surgimento de sites sobre o assunto. Os adolescentes que gastavam com fichas nas máquinas de Batalha agora são quarentões, alguns deles bem-sucedidos e dispostos a investir uma quantia considerável para ter uma daquelas peças reluzentes na sala do apartamento. O profissional passou a garimpar e restaurar as velharias para esse público, virando a maior referência do mercado em São Paulo. “Conheço como ninguém essas máquinas. Outro dia, um cara chorou quando entreguei uma”, conta o mago do fliperama.

Pinball Games. Estrada Cocuera, 80, Mogi das Cruzes, Tel.: 4797-3265

+ Os últimos da espécie: profissionais que se dedicam a funções praticamente extintas

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