5 telas imperdíveis (e curiosas) da mostra “O Triunfo da Cor”, no CCBB
Algumas obras raramente deixam o Museu D'Orsay e outras são tão caras que não cabem no bolso da instituição francesa
Setenta obras assinadas por 32 artistas, entre eles os grandes mestres da história da arte, estão espalhadas pelos quatro andares no CCBB, para a mostra O Triunfo da Cor. Fizemos uma lista dos cinco grandes destaques da exposição, que escondem, ainda, as histórias mais curiosas:
1- Mulheres no Poço ou jovens Proveiçais no Poço, de Paul Signac
O pontilhismo, usado com primazia nessa tela por Signac (1863-1935), é como uma imagem de computador construída por pixels. De perto, são milhares de pontos que formam uma imagem na cabeça do espectador. Signac era grande amigo de Georges Seurat, o pai do pontilhismo: depois de sua morte prematura, Signac mudou-se para Saint-Tropez – naquele tempo, ainda uma aldeia de pescadores. Em um lugar tranquilo, sabia que poderia engajar-se totalmente com o pontilhismo: estilo com um toque instintivo, e muita racionalidade.
2- Autoretrato Octogonal, de Édouard Vuillard
Esta é uma das primeiras vezes que este autorretraro de Édouard Vuillard (1868-1940) é exposto. Ele acabou de integrar a coleção do D’Orsay através da doação de uma família. Seu valor é tão alto que nem mesmo o D’Orsay poderia compra-lo! Graças à uma lei francesa – o Estado determina que impostos de herança podem ser pagos a ele por meio da doação de obras à museus – a tela pode, agora, ser vista pelo público.
3 – Fritilárias coroa-imperial em vaso de cobre, de Van Gogh
Primeira obra da exposição, a tela marca a a chegada de Van Gogh (1853-1890) holandês na França, em 1886. Na Holanda, ele só usava tonalidades de preto e marrom. Depois, ele ele fica chocado com a diversidade de cores vivas usadas pelos pintores parisienses e se desprende do uso. Peça-chave para a exposição: o movimento pós-impressionista só aconteceu porque houve o boom da indústria química, que possibilitou a criação cores sintéticas nunca produzidas até então.
4 – Mulheres do Taiti, de Paul Gauguin
Dois momentos de Gauguin (1848-1903) aparecem na mostra: a fase em que se muda para a Bretanha, em 1880, e o período em que viveu no Taiti. O francês boêmio vai, primeiramente, procurar a natureza no vilarejo de Pont-Aven, ao lado de outros pintores ingleses, para representar seu mundo interior em paisagens coloridas. Depois, decide viver em meio às belas mulheres da ilha na Polinésia Francesa. É um verdadeiro acontecimento que cinco obras deste período sejam vistas fora de seu museu-sede. Como, no Taiti, ele não tinha muitos recursos para sua arte, grande parte de suas telas eram feitas a partir de materiais precários, o que as torna frágeis e, seu transporte, perigoso.
5- A Toilette (Ruiva), de Henri Toulouse-Lautrec
A Toilette, ou seja, um momento de intimidade feminina, é um tema que também agradou muito a Degas, conhecido por suas pinturas e esculturas de bailarinas. Mas, entre os dois célebres artistas há uma grande diferença: se, nas telas de Degas, temos a impressão de espreitar por uma fechadura, nas pinturas de Toulouse-Lautrec (1864-1901), a atmosfera é de cumplicidade entre a personagem e o artista. Lautrec amava as mulheres e sua vida de boemia o levou à destruição: ele morreu aos 37 anos, sofrendo contra a sífilis e o alcoolismo.
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