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Flagrantes 2.0: as novas ferramentas que ajudam a descobrir a traição

Rastreadores do tamanho de caixas de fósforo, câmeras disfarçadas e mais

Por João Batista Jr., Luiz Henrique Ligabue, Nathalia Zaccaro e Daniel Bergamasco
Atualizado em 1 jun 2017, 17h44 - Publicado em 19 abr 2013, 20h00

Ele se chama Dicky. Dicky Uinchester. Com esse codinome de inspetor gringo de gibi, o mineiro Evódio de Souza começou a atuar no mercado paulistano em um ramo pouco usual naqueles tempos. Foi um dos primeiros detetives particulares da cidade, categoria que teria hoje cerca de 20 000 representantes na metrópole, segundo a estimativa do Instituto Universal dos Detetives Particulares (Iudep). “A carreira estava começando, havia só um ou outro no ramo e éramos muito perseguidos pela polícia, que achava que fazíamos negócio ilegal”, lembra Uinchester-Souza.

Na época, a partir de sua base montada em um pequeno escritório no centro, o detetive era obrigado também a carregar câmeras fotográficas analógicas pesadas, lentas e sem grande alcance, equipamentos de vídeo com pouquíssima definição e ficar de campana para seguir seus alvos por dias a fio. Ainda na ativa, apesar dos 70 anos de idade, ele acha que sua vida melhorou muito graças aos avanços da tecnologia. “Resolvo meus problemas com uma microcâmera em formato de botão de camisa que tem um sistema incrível de zoom”, conta, maravilhado. 

A exemplo dele, outros colegas de ofício, que cobram cerca de 500 reais por dia de serviço, se beneficiam bastante da nova geração de engenhocas. Entre os grandes destaques no catálogo atual está o celular espião. Funciona como um cavalinho de Troia: o próprio cliente presenteia a cônjuge com um aparelho preparado para enviar relatórios de ligações, mensagens e até a localização geográfica do investigado para o detetive. Mais um item que há cerca de um ano se tornou uma coqueluche dos investigadores é o rastreador de veículos. Do tamanho de uma caixa de fósforos, o aparelho costuma ser fixado secretamente em qualquer parte do carro e, a partir daí, passa a informar sua localização sempre que requisitado.

As câmeras disfarçadas fazem igualmente sucesso. Um mero botão, relógios ou mesmo óculos escuros são alguns dos novos formatos de pequenas e potentes filmadoras de alta qualidade. Depois que o serviço está feito, os detetives editam as imagens e as entregam ao cliente. “Já vi gente chorar, quebrar carro do (ex) marido e querer arrancar os cabelos da amante”, conta Marco Aurélio de Souza, de 47 anos, o filho mais velho de Uinchester e presidente do Iudep. Em alguns casos, as gravações acabam servindo como vingança. “Uma vez peguei um marido de caso com a cunhada enquanto a esposa trabalhava. Ela não teve dúvida. Convidou a família inteira para um jantar e falou que tinha preparado um vídeo em homenagem à irmã. Aí já viu, né? Foi parar todo mundo na delegacia”, jura o detetive Edipolo, que prefere não revelar seu verdadeiro nome.

Traição - Câmera no botão
Traição – Câmera no botão ()

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DO JOALHEIRO À SECRETÁRIA: A LISTA DE CÚMPLICES É ENORME

Pular a cerca requer discrição, investimento e profissionais para acobertar o caso. Um joalheiro de confiança é essencial. Profissionais da área têm um código para lidar com o negócio. A transação é sempre paga com dinheiro ou por meio de transferência eletrônica. As encomendas são feitas em restaurantes para não levantar suspeita, jamais no ateliê ou no local de trabalho do comprador. “Certa vez, um cliente me chamou no café do Hospital Albert Einstein”, lembra o joalheiro Dalmo Amaral. “Enquanto sua mulher se recuperava de uma cirurgia plástica, ele precisava dar um agrado à amante.”

Seguranças, caixas e gerentes de motel fazem malabarismos para lidar com os infiéis. “Há alguns meses, uma família de orientais esperou a mulher de um deles deixar meu motel com o amante. Fecharam o carro, armaram um barraco e foram todos parar na delegacia,” relata Antonio Carlos Morilha, dono de um estabelecimento de alta rotatividade na Avenida Ricardo Jafet.

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Pedras também costumam ser atiradas por quem depara com o cônjuge deixando esses lugares. Há duas semanas, quase ocorreu uma tragédia no Motel Belle, na Rodovia Raposo Tavares. Um homem entrou acompanhado sem perceber que estava sendo seguido. No carro de trás, vinha sua mulher com uma amiga. Dentro do motel, elas acharam o veículo do marido e invadiram o quarto. A esposa traída desferiu com um pequena faca caseira três golpes nas costas do homem. Mesmo ferido, ele sobreviveu ao ataque de fúria. Todos acabaram na delegacia, incluindo quem dividia a cama com o marido. No caso, um travesti. 

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