Circuito discreto: os lugares preferidos de quem pula a cerca
Os restaurantes, bares e hotéis mais procurados para encontros amorosos furtivos
Por motivos óbvios, o roteiro paulistano de locais mais procurados para encontros amorosos furtivos é tratado como tabu pelos donos dos estabelecimentos que fazem parte dele. Alardear uma frequência acima da média de amantes, além de não pegar muito bem para efeito de marketing, pode pôr o lugar na mira dos cônjuges desconfiados e dos profissionais especializados em registrar flagrantes. Mas o fato é que vários endereços nobres se prestam muito bem a isso, mesmo negando tal fama.
Ficar longe dos points de badalação e ter charme suficiente para não quebrar o clima são dois atributos que ajudam bastante e incluem o bar do Terraço Itália, no centro, entre os prediletos para esse fim. Com suas catorze mesas voltadas para a janela, ele torna as luzes da cidade cúmplices dos mais diversos casos de amor. “As preferidas pelos pares que não querem ser vistos são a 108 e a 110, localizadas na lateral do bar”, entrega um dos funcionários. Nas redondezas, o Paribar, outro reduto boêmio, é citado por assíduos notívagos por ser classudo e ficar na pouco lembrada durante a semana Praça Dom José Gaspar. Som ambiente, luz baixa e clima agradável estão entre as virtudes apontadas.
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Lugares com música ao vivo, tradicionalmente, fazem parte desse tipo de circuito. A trilha sonora cria um clima romântico, que geralmente é acompanhado por iluminação difusa. Dentro desse perfil, segundo vários frequentadores e profissionais da noite paulistana, o Baretto, no Hotel Fasano, figura entre os eleitos. “É perfeito: chique, escuro e reservado, principalmente durante os primeiros dias da semana. A partir de quinta, o local fica cheio e arriscado”, afirma um dos mais antigos conhecedores do ramo. A pequena e tranquila rua do estabelecimento, a Vitório Fasano, também ajuda a atrair o público com esse perfil. Por ali, casais não oficiais costumam beber champanhes caros como Dom Pérignon. Em caso de problemas na área, a cozinha tem uma porta que dá para o estacionamento do hotel. O serviço, digamos assim, não é comumente divulgado. Só é conhecido por alguns habitués. Uma boa saída de emergência evita improvisações. Certa vez, um cliente precisou ser escondido atrás do balcão para escapar da fúria da esposa que estava à sua caça, conta o barman Kascão Oliveira, com passagem por importantes bares como o Dry, nos Jardins. “A amante saiu de lá rapidinho, a oficial ainda ficou um tempo esperando até desistir e o cara conseguiu se salvar”, lembra ele.
Kascão, a exemplo de outros profissionais, não concorda em ser tachado de cúmplice da infidelidade. “Na verdade, ajudo a preservar casamentos”, brinca o barman, que atualmente comanda uma escola de drinques e se prepara para lançar um novo bar. Os motéis, embora resistam ao tempo com suas fachadas de neon, espelhos no teto, camas redondas e FM sintonizada na rádio Alpha, perderam muito do seu ibope na área. Nos últimos anos, flats e hotéis de grandes redes avançam nesse mercado. Segundo pesquisa recente da Ashley Madison, o Tivoli Mofarrej, nos Jardins, está entre os mais utilizados para essa finalidade (procurados por VEJA SÃO PAULO, seus administradores preferiram não comentar o ranking). Quem se hospeda em uma das suítes (diárias a partir de 1.500 reais) conta com uma série de serviços especiais: possibilidade de usar uma das três entradas alternativas do hotel, fugindo da principal, na movimentada Alameda Santos, elevadores bloqueados, check-in no quarto e funcionários altamente eficientes (e reservados, naturalmente).
E, como quem lidera nunca está na frente por acaso, o hotel tem outros dois elegantes e discretíssimos ambientes: o restaurante Arola Vintetres, sóbrio, a meia-luz, com chef de cozinha internacional, localizado no 23º andar do edifício; e o Narã Bar, com suas mesas espraiadas na escura piscina. Às terças-feiras, música francesa reforça a conversa ao pé do ouvido. Há ainda uma categoria de lugares que passam por metamorfoses. O restaurante Casa da Fazenda do Morumbi é um exemplo disso. Aos sábados e domingos, figura como um ótimo local para um encontro de família. Durante a semana, mais vazio, transforma-se em cenário ideal para um almoço sossegado e quase sem testemunhas, com seu ambiente amplo, dominado por belos jardins e mesas espalhadas nas enormes varandas. “Somos mesmo muito procurados por casais discretos”, confirma Joana Espiaut, responsável pela área de eventos.
Outro endereço afastado e tranquilo é o Weinstube, um restaurante alemão dentro do Club Transatlântico, na Chácara Santo Antônio. Ele tem, digamos, uma vocação natural para o negócio. Dispõe de diversas salas, das quais se destaca a interna, com suas mesas de canto, ladeadas por sofás. O Vicolo Nostro, uma pequena pérola da cozinha italiana nas profundezas do Brooklin, segue essa linha. Localizado em uma ruazinha bem sossegada, reúne vários ambientes com baixa taxa de ocupação. Outro local muito lembrado é o Santo Colomba, apesar de estar no circuito de alta visibilidade dos Jardins. “Seu interior clássico, todo decorado com os móveis do antigo Jockey Club do Rio de Janeiro, a boa cozinha italiana e um salão pouco movimentado são perfeitos para um almoço ou jantar tranquilo”, recomenda um dos bons sommeliers paulistanos.
OS NÚMEROS DO PECADO
Principais dados e resultados de uma pesquisa recente sobre adultério realizada pelo site de encontros Ashley Madison
Perfil médio do homem infiel
42 anos, 1,78 metro, 80 quilos, casado há dez anos e com dois filhos.
Perfil médio da mulher infiel
33 anos, 1,63 metro, 53 quilos, casada há sete anos e com um filho.
Segunda-feira
é o dia em que o paulistano mais trai, seguido pelas terças e quartas.
72% se encontram entre 9 e 17 horas.
71% dos infiéis passam menos de duas horas no motel ou no hotel.
Hotel Tivoli, nos Jardins, Harmony Motel, na Rodovia Raposo Tavares, e Hotel Sheraton, no Itaim Bibi, estão entre os endereços mais procurados