“Temos outras relações sem abrir mão da nossa”

Mila Russo conta como abriu seu relacionamento com Eduardo Sola para viver novas experiências com e sem o companheiro

Por Mila Russo, em depoimento a Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h15 - Publicado em 12 nov 2021, 06h00
Um homem de camiseta cinza sentado com uma mulher atrás, de camiseta listrada, em um plano mais alto, lhe abraçando.
Eduardo e Camila. (Leo Martins/Veja SP)
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“Em todo aniversário de namoro, eu fazia questão de confirmar se o Eduardo queria continuar na relação comigo. Eu via muitas pessoas em relacionamentos por comodismo e tinha pavor que isso acontecesse com a gente.

Por volta do terceiro ano juntos, percebemos que, como primeiros namorados, não tivemos outras experiências. Conheci o Du em um acampamento de férias aos 13 anos e começamos a namorar no início da faculdade. Ambos queriam experimentar outras relações, mas sem abrir mão da nossa.

Quando vimos um casal de amigos ficando com outras pessoas, uma chavinha virou na nossa cabeça. Foi o primeiro contato com a não monogamia. Nós conversamos muito até chegar à conclusão de que não precisaríamos escolher entre um e outro. Por que não ter os dois? Em paralelo, eu refletia sobre minha sexualidade. Olhava para o corpo de outras mulheres e sentia algo. Eu nem sabia que isso não acontecia com todo mundo.

Em uma festa, já bêbada — porque é assim que tenho mais coragem —, contei ao Du que tive vontade de beijar outra menina. Pensei que, se eu pudesse fazer isso, ele também poderia. Sugeri que a gente ficasse com outra pessoa juntos e ele topou. Fomos para outra balada e tentamos xavecar uma garota, mas claro que não deu certo. Fazia sete anos que não paquerava alguém.

A imagem mostra Mila e Russo, jovens, abraçados e sorrindo para a foto.
Antes do amor: Mila Russo e Eduardo Sola aos 14 anos (Arquivo Pessoal/Divulgação)
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Criamos uma conta no Tinder e não entendíamos por que, na maioria das contas de casais, não aparecia o rosto nas fotos. Muitas meninas se mostraram interessadas em nós porque a gente se expunha. Não queríamos só transar com outra pessoa, mas realmente conhecê-la.

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Convidamos uma delas para sair e, depois de decidir ir ao motel, eu a vi beijando o Du no banheiro. Me bateu um ciúme momentâneo, mas me questionei por que estava sentindo aquilo. O ciúme faz parte, mas não é uma declaração de amor. É um alerta. Quando o sentimento aparece, significa que não estou me sentindo bem comigo mesma. Eu não estava lá apenas para olhá-los, mas para participar também. No final, curtimos muito a experiência.

Depois de três anos saindo apenas com meninas, eu quis explorar minha atração por homens. O Du, entretanto, não é bissexual. Como não era algo que poderíamos fazer juntos, decidimos nos aventurar sozinhos. Em uma festa, ele ficou com uma garota enquanto eu ficava com outro cara. Foi esquisito, mas uma explosão de novidade. Conversei com vários homens pelo Tinder e conferia com o Du até onde ele se sentia confortável. Sempre avaliamos o que cada um sente e estabelecemos nossos limites.

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No meu primeiro date com outro rapaz, eu estava tão nervosa que até tremia. Acabei dando só uns beijinhos. Voltei para casa cedo e a situação virou piada entre mim e o Du. Esperávamos que fosse um choque, mas ele levou de maneira leve.

Aos poucos experimentamos o campo da poligamia, saindo com os mesmos parceiros com frequência. Nós estamos muito bem juntos, mas agora temos vontades diferentes e damos importância à nossa individualidade.

O relacionamento não monogâmico não termina quando há relação com terceiros, mas sim se acabar o que existe entre o casal. Fazemos de tudo para melhorar a nossa relação quando ela não está boa e hoje está mais forte do que nunca. Em breve queremos ter um filho e vamos descobrir como conciliar nossa forma de relacionamento com uma criança.”

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Publicado em VEJA São Paulo 17 de novembro de 2021, edição nº 2764

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