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“Somos caçadores de fantasmas”

Fascinados com o paranormal, Rosa Maria e João são ‘Caça-Fantasmas’, como nos desenhos; o casal compartilha seu dia a dia em seu canal no Youtube

Por João Tocchetto, em depoimento a Fernanda Campos Almeida
29 out 2021, 06h00

Rosa descobriu a paranormalidade aos 6 anos. Ela conta que estava brincando na cama quando viu se mexer uma imagem de Jesus Cristo pendurada na parede. o rosto do profeta com a coroa de espinhos saiu do quadro, olhou para os lados e sorriu. Ela gritou de medo. a partir daí começaram as visões, a percepção dos pensamentos das pessoas, as conversas com os que já faleceram.

Eu a conheci quando ainda morávamos em Porto Alegre, no Rio Grande do sul. Administrava uma produtora de vídeos publicitários e contratei uma psicóloga para fazer um treinamento com os funcionários. Rosa estava atuando com a profissional e participou da reunião, mas calada. O objetivo dela era, por meio da telepatia e clarividência, diagnosticar informações dos participantes e da empresa. Ao final, ela se apresentou. Aquele foi meu primeiro contato com o mundo sobrenatural. Nós nos tornamos amigos próximos e comecei a participar de um grupo de pesquisa sobre interações sobrenaturais ao lado dela. Em um dos encontros, numa biblioteca, ela me pediu para pegar um livro antigo. Escolhi uma obra egípcia. rosa abriu, passou as mãos pelos hieróglifos e começou a traduzi-los. Fiquei impressionado.

Com a Rosa, um mundo inteiro se abriu para mim. Descobri respostas para as perguntas que todos queremos saber: por que estou aqui? Para onde vou? Qual a minha missão?

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Tempos depois, ela teve uma visão e disse que precisava se afastar. Enviou um pedaço de papel por intermédio da psicóloga dizendo que nos encontraríamos de novo em cinco anos. Eu ligava para ela, mas não era atendido. Anotei na agenda o recado. Nesse período, acabei me separando e vendendo minha parte da produtora. Eu me sentia insatisfeito com o que fazia.

Após cinco anos, vi a anotação da data e contatei a Rosa. Voltamos a nos encontrar e tivemos a ideia de criar um negócio de consultoria sobrenatural, a Elo Perdido Consultoria e Treinamento. Entre os serviços, ajudamos fantasmas, espíritos, encostos e demônios a deixar o nosso plano. Quando adotamos o rótulo de ‘Caça-Fantasmas’, afastamos o preconceito com o nosso trabalho e ganhamos visibilidade. Compramos uma câmera de visão noturna e registramos tudo no canal Visão Paranormal, há treze anos no YouTube. Passamos a utilizar os equipamentos que caçadores americanos usam para que o público veja a presença da atividade sobrenatural também. Contatamos vítimas de tragédias para repassar recados às famílias, como os falecidos no incêndio da Boate Kiss, em 2013, e no rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019. O espírito de uma senhora nos pediu para ir até o Córrego do Feijão e encontrar seu neto para que ela pudesse se despedir por meio da Rosa.

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rosa maria e joão sorrindo, um ao lado do outro, em foto antiga, de 2006
Rosa Maria e João estão juntos desde 1994: o casal em 2006 (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)

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Nós vivemos principalmente da renda das consultas para empresas. Muitos empresários são céticos, mas esse tipo de consulta para tomadas de decisão é um dos mais antigos que existem — reis e rainhas tinham consultores.

Um dia, um homem flertou com Rosa em um restaurante e a chamou para sair. Fiquei muito incomodado e pedi a ela para não ir ao encontro. Meu ciúme me denunciou. Por causa da diferença de doze anos e da nossa amizade, ela propôs que fizéssemos um teste: nós namoraríamos por três meses. Desde então, não nos separamos mais.

Não casamos no papel. Apenas compramos duas alianças e gravamos nosso nome. Somos rebeldes e tudo que tem muitas regrinhas não nos cabe. Rosa diz que casamento é quando se vive bem. Nossa cerimônia de união é eterna e sinto prazer em estar ao lado dela 24 horas por dia.

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Há três anos ela quase me deixou. Pressionada com tantos pedidos de ajuda, ela adoeceu. Cobravam milagres da Rosa, mas não é bem assim que funciona. Ela passou 42 dias internada com tumores pelo corpo. Eu me dediquei totalmente a ela até a recuperação. Hoje colocamos limites nos casos que aceitamos para lidar melhor com o mundo dos vivos.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762

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