Comer & Beber 2019: conheça Alethea Suedt, a padeira do ano
Convicta na missão de fazer o melhor pão, ela é a única padeira que se conhece na capital a plantar e moer o próprio trigo
Ela não é do tipo que gosta de amaciar o ego com autoelogios, mas deu a deixa da sua dedicação ao intitular a sua micropadaria de A Padeira. De fato, não se trata de uma padeira qualquer.
Alethea Suedt largou o trabalho como designer de joias para se dedicar ao pão e continua lapidando cada exemplar como se fossem esmeraldas ou diamantes comestíveis. Além do trabalho diário nas masseiras e fornos, ao menos uma segunda-feira por mês, ela segue o rumo que o Waze mandar até o sítio onde planta trigo e centeio, em Piracaia, a 94 quilômetros da capital.
O pedaço de terra é de um casal de produtores de orgânicos, Maria Alejandra Alcala e Dercílio Pupin. “Achei a Família Orgânica pela internet e, no início, pareceram desconfiados com a proposta. Perguntei se poderia ir até eles para conversar ao vivo”, explica.
Quase dois anos após o encontro, é recebida por lá com abraços e, na despedida, pedem que ela fique cinco minutinhos a mais. Esse contato a aproximou do campo por meio de fotos da plantação tiradas pelos produtores e enviadas por SMS (ela prefere não usar WhatsApp).
Seu aprendizado vem se ampliando com temas como sementes, agrofloresta e animais que nela vivem, caso da capivara e da lebre africana. Vez ou outra, leva a filha e o marido na visita. Também vislumbra comprar o terreno vizinho: “Parece que o mundo termina aqui neste vale entre montanhas, não é?”, suspira.
A safra de 2018, porém, não vingou. Rendeu apenas as mudas para 2019. “Plantar trigo em São Paulo é um desafio”, diz. “As plantas se adaptam melhor em regiões mais frias, como o sul do país”. Neste ano, o sucesso foi maior. Parente do trigo, o centeio da foto será colhido por até meados de novembro e moído na padaria. A fornada especial deve estrear em dezembro. Como ela costuma dizer, o pão começa no campo. E agora para valer.