A melhor barista do Brasil trabalha em um café de São Paulo
Conheça a gaúcha Martha Gril, única mulher entre os vinte competidores, que venceu o Campeonato Brasileiro de Barista no último dia 9
O Campeonato Brasileiro de Barista 2019, principal competição nacional do setor, aconteceu entre os últimos dias 6 e 9 no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. Quem ganhou o título de melhor barista, profissional especializado em café, foi a gaúcha Martha Gril, 33 anos, única mulher em meio aos vinte aspirantes da categoria. O concurso é promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
Entre os participantes estavam os dois últimos vencedores da competição, Leo Moço, do Café do Moço, em Curitiba, e Thiago Sabino, da torrefação Sensory Coffee Roasters, em São Paulo. Como prêmio, Martha ganha a chance de representar o Brasil no campeonato mundial, World Barista Championship, que acontece em abril, em Boston (EUA).
A campeã trabalha no Octávio Café, enorme cafeteria na Avenida Faria Lima, desde 2016, quando teve o primeiro contato profissional com o ingrediente. “Me formei como atriz em Pelotas, no Rio Grande do Sul, e vim para São Paulo para seguir carreira nas artes cênicas. Entrei no Octávio por uma questão financeira, mas acabei me apaixonando e mergulhando no assunto”, conta Martha.
No início de 2018, ela trocou o balcão, onde preparava os cafés, pelo treinamento de novos baristas da rede, que conta com três unidades em São Paulo (Faria Lima, Shopping Eldorado e Shopping Cidade Jardim) e duas lojas no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. “Também testo a qualidade de todos os cafés que vão entrar na cafeteria.”
A COMPETIÇÃO
A inscrição para a competição aconteceu em meados de janeiro deste ano. De lá para cá, Martha dedicava 10 horas por dia para se preparar para a prova. Chegou a provar 27 amostras de café até escolher o que ia utilizar nas provas: um bourbon amarelo da região do Cerrado Mineiro. “Tem sabores muito limpos de framboesa e uva. Além disso, é o mais doce que já provei”, explica.
Com o grão ela precisou preparar quatro expressos, quatro bebidas com leite e um drinque (sem álcool) autoral. Ela teve de apresentar essas nove versões enquanto proclamava um discurso (de tema livre) por quinze minutos no dia 8 — escolheu falar sobre os medos que envolvem a profissão. Tudo isso na frente de sete jurados, um deles internacional. Após outra etapa semelhante no dia seguinte, veio o resultado.
A conquista não foi a única para o Octávio Café. Arthur Malaspina, que desenvolve perfis de torra para a marca, venceu outra categoria do concurso, Brewers Cup, dedicada aos métodos filtrados. O grão utilizado foi o catuaí amarelo, da fazenda Joia Rara, em Patrocínio (MG), extraído pela Chemex, uma cafeteira de vidro.
Por enquanto, não há previsão de que as bebidas do concurso sejam servidas na rede, onde os clientes podem experimentar diferentes métodos de extração de café, como o aram (utilizado para produzir um expresso manualmente, sem energia elétrica). Custa entre 14 e 18 reais.