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Leite vegetal ganha espaço em supermercados e cafeterias da cidade

Mercado de bebidas obtidas a partir do processamento de frutos e grãos gerou 98 milhões de reais em 2019

Por Gabrielli Menezes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 10h34 - Publicado em 21 fev 2020, 06h00

Se cinco anos atrás o chamado leite vegetal era sinônimo de bebida feita de soja, hoje a variedade para quem dispensa o leite de vaca, tanto por princípios, quanto por causa de alergia ou intolerância, engordou nas prateleiras — e muito. Amêndoa, aveia, arroz, coco e a brasileira castanha-de-­caju tornaram-se matéria-prima do líquido embalado em caixinhas longa vida.

Consumida exatamente como a versão animal, a começar pelo básico café com leite, a novidade está mais presente em estabelecimentos da cidade. O preço, no entanto, pode pesar para valer no bolso. Em supermercados, paga-se em média quatro vezes mais por litro quando se compara ao leite de vaca. Nas cafeterias, a adição desse “leite” especial custa, em geral, 4 reais.

“Essa tendência está consolidada nos Estados Unidos e na Europa. Por aqui, o fenômeno é recente, mas vem evoluindo com rapidez”, acredita Alberto Gonçalves Neto, sócio da AGN Consultoria e Negócios, especializada em empresas de alimentos plant-based, feitos de vegetais. De acordo com levantamento do Euromonitor International, provedor de pesquisa de mercado, o crescimento no país foi de 860% nos últimos cinco anos, chegando ao número de 98 milhões de reais gerados em 2019, o equivalente a 8 milhões de litros. A projeção, das mais otimistas, é que até 2024 seja 150% maior.

Capuccino, no Astronauta: leite é sempre de origem vegetal (Romero Cruz/Veja SP)

Essa invasão do leite vegetal pode ser vista nas prateleiras de supermercados, principalmente em estabelecimentos voltados para a população de maior poder aquisitivo. Na Casa Santa Luzia, no Jardim Paulista, os produtos antes vinham de importação direta e em pequenas quantidades. Atualmente, 26 marcas no total, entre nacionais e importadas, são divididas em duas grandes gôndolas instaladas no piso superior. A demanda, não por acaso, aumentou também. Em 2019, os clientes do empório compraram o dobro de caixinhas em relação ao ano anterior. Além de manter as opções na despensa de casa, o público passou a encontrar as pedidas com mais facilidade em cafeterias e até em restaurantes.

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Gigante do café, a rede Starbucks oferece os leites de amêndoas e de coco com castanhas em suas 54 lojas paulistanas desde 2018. Os produtos são de A Tal da Castanha, pioneira na fabrição no Brasil. Com grande presença em São Paulo, a marca, de Fortaleza, tem no portfólio bebidas de leite de castanha-de-caju, castanha-­do-pará, coco, amêndoa, amendoim e ainda combinações prontas com outros ingredientes, como cacau e banana. “Neste ano, nossos esforços estão voltados para a entrada em cafeterias”, afirma o cofundador da empresa, Felipe Carvalho, que promete lançar até março um rótulo especial para baristas.

(VEJA SP/Veja SP)

Dessa forma, teria como competir com a também nacional Cajueiro, queridinha de alguns profissionais da área como Cinthia Bracco, à frente do Astronauta Café, na Vila Mariana. No endereço, que é vegano, leite de vaca está vetado assim como produtos de origem animal. A versão escolhida por Cinthia, fusão de castanha-de-caju com amendoim, entra em seis preparos, como latte e ma­chiat­to. “Com mais opções no mercado, conseguimos brigar por preços mais competitivos e não ficamos reféns de uma empresa”, comemora a empreendedora.

Apesar do empenho dos profissionais do ramo, o resultado, na aparência e no paladar, nem sempre é primoroso. Boram Um, do premiado Um Coffee Co., faz uma extração mais longa do expresso para que o sabor do leite de arroz com avelã não se sobreponha ao do café num cappuccino. Ainda assim, o gosto permanece na boca por minutos.

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Também é difícil vaporizar o leite e desenhar sobre a espuma por causa da composição da bebida. “Os baristas precisam aprender a manipular melhor o produto”, acredita Gelma Franco, da Il Barista, que inseriu a novidade nas três unidades da rede em agosto e costuma organizar workshops sobre o tema — o próximo será em 18 de abril.

Há ainda quem defenda a tese de que o sabor dos industrializados não supera o da receita artesanal. “Como temos uma saída significativa, investimos há oito meses numa máquina de produção própria”, conta Gabriela Barretto, do Futuro Refeitório, onde é possível tomar café com os leites de coco ou de amêndoa fresquinhos. Para Gelma, a indústria deve continuar aperfeiçoando o produto para que a tendência se concretize. Pela notável evolução, não será preciso chorar sobre o leite derramado.

(VEJA SP/Veja SP)

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