Mariana Aydar e Mestrinho renovam o forró em disco conjunto com inéditas
Com participação de Gilberto Gil, álbum também reúne sucessos e joias raras do gênero e consagra a harmonia da dupla; confira a entrevista
Após anos dividindo palcos pelo Brasil, Mariana Aydar e Mestrinho eternizaram a parceria com um álbum de estúdio lançado na última quinta-feira (4).
Mariana e Mestrinho (2024) reúne composições inéditas da cantora e do sanfoneiro, além de outros nomes convidados, e também regravações de grandes nomes do forró — de sucessos como Te Faço um Cafuné, de Zezum, a pérolas como Cheguei Pra Ficar, de Anastácia e Dominguinhos (1941-2013).
O acordeonista pernambucano é, inclusive, o grande homenageado do trabalho. Afinal, foi graças ao artista que Mariana e Mestrinho se conheceram — ela gravou um documentário sobre Dominguinhos em seus últimos anos de vida, enquanto ele acompanhava-o em shows na estrada.
“Conheci Dominguinhos com dezesseis anos, em um show que ele convidou meu pai, meu irmão e eu para darmos uma canja. Nesse dia ele me deu o seu telefone e fiquei sempre em contato, até o momento de começar a tocar com ele. Não desgrudei mais, até o último show”, conta Mestrinho.
“Fui conhecer Dominguinhos mesmo quando comecei a ir para os bailes de forró, em que os DJs colocavam discos dos anos 70 que eu nunca tinha ouvido. Fiquei hipnotizada. Ele era uma pessoa generosa, humilde, calma, fiquei muito fã. Eu e outras pessoas tivemos a ideia de fazer um documentário sobre ele, e ficamos uns quatro anos gravando na estrada”, relembra Mariana.
Da discografia de Dominguinhos, estão presentes no disco Te Faço um Cafuné, Cheguei pra Ficar e Preciso do seu Sorriso, essa de João Silva (1935-2013) e Enok Virgulino. As outras regravações são O Filho do Dono, sucesso de Petrúcio Maia (1947-1994), e Ninguém Segura o Nosso Amor, de João Silva e Iranilson.
Entre as faixas inéditas, estão Dádiva, escrita por Zeca Baleiro especialmente para o álbum, Eu Vou e Até O Fim, de Mestrinho, além de Boy Lixo, de Mariana, Fernando Procópio e Tinho Brito, e Alavantu Anahiê, de Isabela Moraes e PC Silva.
Esta última faixa ganhou o reforço das vozes de Moraes e Juliana Linhares na gravação. “Ouvimos muitas músicas antes de chegar nesse repertório, e sabíamos muito bem o que queríamos. A ideia era atualizar o discurso do forró, que muitas vezes é bem machista e homofóbico, trazendo novos assuntos que tenham a ver com a nossa realidade de hoje”, explica Mariana.
“Fala sobre o protagonismo da mulher, de se colocar à frente dos seus desejos, das suas vontades, da sua vida”, completa a cantora, sobre Boy Lixo, que descreve aquele tipo de homem que “Trata mulher mal/E ninguém vê/E finge ser o tal/Para todo mundo ver”.
A cereja do bolo é a participação de Gilberto Gil, na emocionante Até o Fim. Com a maior parte do disco gravado em São Paulo, com produção de Tó Brandileone, a voz do bamba baiano foi registrada no Rio de Janeiro.
“Admiro muito a forma como ele fala sobre o amor, esse olhar transcendental, amplo, de que, quando você ama uma pessoa, você nunca deixa de amá-la. Quando eu senti isso na minha vida, me veio a inspiração de compor essa música. A gente fez o convite e, generoso como é, ele aceitou com um sorriso lindo no rosto”, conta Mestrinho.
O time de instrumentistas que deu vida aos arranjos do disco é formado por Feeh Silva (zabumba e triângulo), Salomão Soares (piano), Fejuca (violão e cavaco), Federico Puppi (violoncelo), Will Bone (sopros), Rafa Moraes (guitarra) e Léo Rodrigues (percussão).
As primeiras apresentações do novo projeto em São Paulo acontecem nos dias 12 e 13, no Sesc Pompeia. Os ingressos já estão esgotados.
14 anos. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, ☎ 3871-7700. ♿ Sex. (12) e sáb. (13), 21h30. R$ 50,00. sescsp.org.br.