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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

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O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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Papila Deli: os segredos da empresa que soma 80 000 pedidos de delivery por mês

De poke a hambúrguer, a foodtech serve uma coleção de culinárias via aplicativo

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
5 Maio 2023, 06h00
Quatro homens brancos de camiseta preta da Papila Deli em cozinha industrial.
Lucas, Antonio, Bruno e Alex (da esquerda para a direita): sócios da Papila Deli (Victor Affaro/Divulgação)
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Quase como uma praça de alimentação, a Papila Deli busca satisfazer o cliente com uma coleção de culinárias — só que no delivery. Sucesso em aplicativos de entrega, a foodtech recebe em média 80 000 pedidos por mês, o que implicou um faturamento de 33 milhões de reais em 2022.

Basta colocar “Papila” no aplicativo predileto que você vai deparar com seis “restaurantes”: o Poke, o Fresh (saladas), o Sushi, o Wok (cozinha quente asiática), o Doce e o Burger. Ainda este ano, devem ser lançadas o de cozinha brasileira, em junho, e a pizzaria, em outubro. “Nosso sonho é chegar ao cliente os sete dias da semana”, almeja o empresário Bruno Kormes, que fundou a companhia no fim de 2019 com o chef Antonio Mendes e o administrador Alex Lewkowicz.

Três pokes em potes de cerâmica alinhados em forma de triângulo sobre superfície verde.
Pokes: arroz de sushi com peixe e outras coberturas (Luiz Fernando Simas/Divulgação)

Marcas gringas como Foodology e Rebel Foods serviram de inspiração para o trio, que hoje comanda quatro pontos da cidade: Itaim Bibi, Tatuapé, Perdizes e Pinheiros. Cada espaço atende a um raio de 7 a 10 quilômetros e congrega diferentes culinárias — mas nem todas as filiais entregam todas as marcas (ainda), com exceção da pioneira, no Itaim Bibi, que concentra 60% das solicitações.

Para junho, está prometida a estreia do hub do Centro e, até o fim do ano, deve ser aberto o da Vila Mariana. Para atender a toda a demanda, foi montada em junho do ano passado uma cozinha central, que divide o espaço com a unidade do Itaim. O imóvel tem 1 200 metros quadrados, e a implantação foi feita com um investimento de mais de 6 milhões de reais.

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Na frente do prédio, motoboys aguardam a chegada das marmitinhas de papel em cores vibrantes, com os pedidos anunciados em monitores. Lá dentro, no térreo, ficam as distintas cozinhas, que trabalham de maneira independente. Lembra até um daqueles “condomínios” de dark kitchens, restaurantes especializados em entregas que se espalharam pela cidade, com a diferença de que cada um ali pertence à mesma empresa.

Diferentes tipos de sobremesa (bolo de cenoura, cheesecake, pudim, mousse) sobre superfície branca.
Vertente ‘Doce’: diferentes tipos de sobremesa (Luiz Fernando Simas/Divulgação)

No piso de cima está a cozinha central, com espaços para higienização de vegetais, cortes de carnes e peixes (são limpos 6 toneladas de salmão por mês) e o tempero do arroz (uma betoneira foi reconstruída para facilitar o processo). Dali, os ingredientes partem para as unidades.

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Com tanta variedade culinária, não espere um sushi obra de arte (e haja salmão em detrimento de outros peixes!) ou um curry pegando fogo de especiarias (aqui, vem amainado para uma audiência mais ampla). Mas nada que decepcione a maioria do público.

“Cada cliente nosso faz pelo menos duas compras ao mês”, garante Kormes sobre a freguesia, que não se importa em pagar preços parecidos com os de muitos restaurantes. As saladas e os pokes (o arroz de sushi com peixes e outras coberturas) custam por volta de 60 reais, e os sanduíches estão na casa dos 30 reais.

Curry em cumbuca de cerâmica cinza ao lado de hashis.
Comida asiática quente no ‘Wok’: curry (Luiz Fernando Simas/Divulgação)
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Nascida poucos meses antes da pandemia, a empresa cresceu exponencialmente num momento em que muitos estabelecimentos culinários permaneceram fechados. “Os nossos concorrentes (restaurantes tradicionais) não estavam prontos, mas a gente estava. Tínhamos os processos definidos, rapidez e embalagem”, conta Kormes.

O relacionamento com influenciadores digitais foi fundamental para dar um gás nas vendas. “Começamos a mandar poke para quem a gente conhecia e que ia divulgar nossa marca.” Ainda hoje, esse filão é importante — 40% do orçamento destinado a marketing vai para o trabalho com produtores de conteúdo.

Em 2021, a empresa, hoje com 300 funcionários, ganhou novo fôlego com a entrada do sócio Lucas Rossi, atual CEO da companhia, e, no ano passado, com um aporte de um novo investidor. Para manter a qualidade, uma comunidade de cinquenta consumidores frequentes, renovados a cada trimestre, testa novos pratos antes de aparecerem na tela dos apps. São os chamados “papilovers”.

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Caixas coloridas do delivery Papila Deli em fundo branco.
Embalagens coloridas: sucesso no delivery (Gustavo Machado/Divulgação)

Outra forma de ver de perto a resposta do público é a participação em eventos, um novo filão da Papila Deli, entre eles o festival de música Popload e o Carnaval da Cidade. Uma loja física também não está fora dos planos dos sócios. “Começamos a pensar sobre uma flagship”, diz Kormes. Tudo pela divulgação.

Publicado em VEJA São Paulo de 10 de maio de 2023, edição nº 2840.

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