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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

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O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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Por que o possível fechamento do bar Balcão mexe com tanta gente

O imóvel onde a casa atende há quase trinta anos está para ser vendido para uma construtora, segundo o sócio

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Atualizado em 3 jul 2023, 18h08 - Publicado em 1 jul 2023, 13h12
Balcão
O bar Balcão (Heudes Régis/Divulgação)
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Uma comoção tomou conta das redes sociais nesta semana com a notícia de que o bar Balcão, um clássico dos Jardins, corre o risco de fechar as portas. A hahtag #salveobarbalcão acompanhava postagens dos fãs fervorosos consternados com o burburinho.

O que acontece é que o imóvel onde o bar atende desde a abertura, em 1994, tem grandes chances de virar um edifício. O sócio do Balcão, Chico Millan, me esclareceu: “O que existe é um compromisso de compra e venda. Com os (imóveis) vizinhos também. É a etapa formal da incorporação, antes da análise do solo. Com o resultado, o compromisso se realiza. Deve estar para sair por esses dias.”

Segundo Millan, não há nada definido sobre o futuro do estabelecimento. “Estou conversando com a incorporadora e é meio complicado mesmo. Querem que fiquemos, mas em outras condições. Não tem nada definido, só o empreendimento”.

Os fregueses assíduos não querem que alguma mudança, mínima que seja, aconteça no bar. Compreensível. O Balcão é um lugar único no mundo dos bares paulistanos, e é repleto de peculiaridades. Listei algumas delas abaixo, para a gente ler enquanto torce pelo prosseguimento da casa.

 

> O imóvel onde o Balcão atende ocupa o espaço foi de uma antiga oficina mecânica por muitos anos.

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> O sinuoso balcão de 25 metros de comprimento, em ziguezague, tem banquetas para os dois lados, onde diferentes grupos congregam, já que a interação é facilitada. Chico já chamou o bar de “projeto sociocultural”.

> A fauna local é formada por uma galera acima dos 40 anos (com alguns novinhos) e mescla jornalistas, escritores, artistas plásticos, atores, músicos, formadores de opinião…

> O salão, de pé-direito alto, é decorado com móbiles e luminárias de tela, remanescentes de uma das mostras promovidas pela casa, do artista Eduardo Pucinelli.

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> Numa das paredes, há uma gravura do americano Roy Lichtenstein (1923-1997), de quase 4 metros de comprimento, Wallpaper with Blue Floor Interior. Foi comprado por um dos sócios do bar, em 2000.

> Ainda falando em arte, o salão conta com obras de Jô Soares e, como já citado, exposições temporárias. Para uma dessas mostras, os frequentadores que pediam doses de uísque recebiam guardanapos especiais para desenhar ou escrever, e alguns trabalhos foram expostos.

> É um dos bares da cidade onde os sanduíches são o forte da cozinha. Um dos mais atraentes é o do serginho — na ciabatta crocante, são acomodados bife à milanesa sequinho por fora mas úmido no interior, rúcula, tomate e maionese. Para beber? Boas caipirinhas, como a de limão e maracujá.

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> Esse é um dos raros bares com funcionamento de segunda a segunda, dia este, aliás, difícil para encontrar um lugar bom aberto para bebericar.

> Durante a pandemia, uma solução encontrada para acomodar o público no balcão foi colocar divisórias móveis e curvilíneas de polipropileno, apelidadas de “copanzinho” por lembrar o formato do edifício projetado por Oscar Niemeyer. Com o fim da crise sanitária, elas foram aposentadas.

> Quem vai fumar e não quer perder o lugar na bancada, há uma plaquinha, a de “fui fumar e já volto”, criada na época do lançamento da lei antifumo.

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