Braca, no Itaim Bibi, é descendente do clássico carioca Bracarense. Leia a crítica
Para se ter uma boa experiência no bar paulistano, o ideal é desligar o modo “comparação”
O Braca, aberto em fevereiro pertinho da Avenida Juscelino Kubitschek, homenageia o clássico Bracarense, nascido 61 anos atrás no Rio de Janeiro. Assim como o irmão carioca, possui uma varanda, com mesas que chegam até quase a calçada. O salão, com piso de cacos de cerâmica, é um pouco menos atraente, sobretudo pelo grande logo de néon que deixa tudo ali — comes, bebes, gente — meio azul.
Mas o Braca não é o Bracarense, tampouco o Itaim Bibi, onde fica o endereço paulistano, é o Leblon. Por isso, para se ter uma boa experiência, o ideal é desligar o modo “comparação” ao visitar o novato. Os dois lugares são bem distintos, ainda que o empresário carioca Kadu Tomé, que cuida com a família do endereço veterano, traga alguns ícones a esse bar de São Paulo que montou com Augusto Vianna, sócio do Esquina do Souza. Desde a abertura, o Braca tem feito sucesso, principalmente na happy hour — se a casa da cidade maravilhosa é um excelente pós-praia, a daqui se mostra um verdadeiro “after” do escritório.
Um dos legados trazidos do Rio é o bolinho de camarão com mandioca (aipim, para eles), de massa que rompe com facilidade na mordida e bastante catupiry. Custa R$ 52,00 (seis unidades). Também têm reminiscências de lá as empadas, com massa gordurosa na medida, sem esfarelar demais, dourada e com recheios de palmito bem picadinho (R$ 12,00) e de camarão macio (R$ 14,00), na forminha de metal, para comer de colher. Se em uma primeira visita, em abril, o salgado veio seco, frio e com o crustáceo duro, numa segunda tentativa, em julho, se mostrou ótimo.
A cozinha, aliás, melhorou bem entre o primeiro e o segundo teste. O bolinho de feijoada, outra instituição botequeira, esta criada pela cozinheira Kátia Barbosa, do Aconchego Carioca, também tem seu lugar, numa versão achatadinha com recheio de bacon e fios de couve (R$ 45,00, seis unidades). Mais uma gostosura é a porção de língua, em cubinhos firmes com pimentão (R$ 42,00). O pão, fundamental para aproveitar o saboroso molho, vem na forma de torradas branquelas que lembraram fatias amanhecidas, uma mancada.
Na hora dos bebericos, o chope (Brahma, R$ 9,80, 300 mililitros) é muito bom, geladíssimo como os de lá e com espuma cremosa como os daqui — às vezes com mais, às vezes com menos (ainda se mede o colarinho?). Aparece também na versão escura (R$ 9,80, 300 mililitros) e Colorado Indica (R$ 14,00, 350 mililitros). Caipirinhas, em copo longo, não fazem feio em variações como caju e limão (a partir de R$ 30,00). Apelidada de cremosinha (a partir de R$ 35,00), a caipirosca (ops, caipivodca) de maracujá com lima, que passa pelo liquidificador, tem mais cara de batida. Um senão final: o serviço merece ajustes — com o perdão dos amigos cariocas, tem quase um “padrão Rio” de qualidade.
Avaliação: BOM (✪✪✪)
Braca
Rua Doutor Renato Paes de Barros, 908, Itaim Bibi, telefone 3045-7913 (120 lugares).
11h45/23h30 (dom. 11h45/18h).
Tem acessibilidade
Instagram: @bracabar.
Aberto em 2022.
Veja o cardápio:
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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de agosto de 2022, edição nº 2801
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