Syrah é uma uva de mil faces
Entenda o porquê a cepa está disseminada em todo o mundo -- e com ótimos resultados
A região mais tradicional e a referência mundial em syrah é o norte do Vale do Rhône, na França. Hoje, porém, a uva está disseminada em todo o mundo, com ótimos resultados, tornando-se emblemática em países como a Austrália ou em regiões como a Serra da Mantiqueira e o Vale do São Francisco, no Brasil.
Pela adaptabilidade a diversos climas, temos exemplos do quase desértico sul da Austrália, passando pelo semiárido brasileiro, até alguns climas muito frios, como a costa chilena do Pacífico. É uma casta que está na moda, pela versatilidade, por ser fácil de beber e por gerar bebida nos mais diversos estilos e níveis de qualidade.
Os países com maior área plantada são França, Austrália, Argentina e EUA. Em termos de presença no mercado brasileiro, se mostram também relevantes os chilenos. Em solo nacional, começam a surgir alguns bons exemplares não apenas no Rio Grande do Sul, mas também nos já citados Vale do São Francisco, São Paulo e Minas Gerais.
Essa é uma cepa vigorosa (produz bastante, pede água e calor) e gosta de solos pedregosos, que retêm algum aquecimento, como no sul do Rhône. Por lá, a base de granito gera vinhos mais aromáticos, enquanto no xisto (como no norte daquela região) os caldos são mais tânicos.
Na argila vermelha e no clima seco de sol do sul australiano, os líquidos são muito encorpados, alcoólicos e picantes. Quanto à cor, os syrah normalmente são escuros. Nos aromas, a nota mais típica é pimenta-do-reino preta, mas também são comuns as frutas negras, como ameixas, amoras e cassis, além de aromas vegetais, caso de azeitona, bosque úmido, musgo, tabaco.
Em climas mais frios, podem desenvolver aromas de flores como violetas e notas de menta ou eucalipto. Caso tenham passado por madeira, baunilha, tostados, café e chocolate aparecerão. Se a madeira for americana, notas de coco queimado virão. No paladar, esses vinhos costumam ser encorpados, com bom volume de taninos, acidez média e álcool alto (quanto mais fria a região, mais alta deverá ser a acidez e mais baixo o álcool).
Em estilo, no geral, os franceses são mais elegantes, frescos e perfumados, enquanto os exemplares americanos e australianos se mostram mais encorpados, ma- duros e amadeirados. Sobre a longevidade, a variação é grande e depende muito da origem. Os melhores syrah (ou cortes) franceses no norte do Rhône podem evoluir por décadas em garrafa. Vale lembrar que o chamado “blend do Rhône”, base de vinhos como o Chateauneuf-du-Pape, é uma típica mistura das uvas grenache (predominante) com syrah e mourvèdre.
M. Chapoutier Saint-Joseph
Do norte do Rhône, melhor região para a syrah no mundo, a AOC Saint-Joseph costuma ter uma boa relação qualidade-preço, pois é menos famosa que Hermitage e Côte-Rôtie e pode ter qualidade, de- pendendo da mão do produtor. Este tem aromas típicos de frutas, pimenta e azeitonas pretas, terra, couro, especia- rias. Paladar de médio-bom corpo, tani- nos doces. R$ 519,90, na Evino.
Experimentum Syrah
Do produtor Quinta Madre de Água, na região do Dão, em Portugal, famosa pela elegância de seus tintos e brancos. Este syrah tem cor violácea, aroma fruta- do, com notas de ameixas, pimenta e balsâmicos. Seu corpo é médio, com taninos e acidez de média estrutura. R$ 179,90, na Evino.
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