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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Vinhos tintos de uva com dois nomes conquistam os brasileiros

Conheça mais detalhes sobre a origem e as características de vinhos de primitivo — ou zinfandel

Por Marcelo Copello
26 jul 2024, 06h30
uva-primitivo
Primitivo italiana cultivada na Puglia: conhecida também como zinfandel (Anna Fedorova/Freepik/Divulgação)
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As importadoras, lojas e restaurantes bem sabem. Não pode faltar em suas listas de vinho um primitivo. Os brasileiros adoram os tintos dessa uva, macios e fáceis de beber. Mas poucos conhecem detalhes sobre ela, como a origem, as características na viticultura e enologia, os estilos e, sobretudo, seus outros nomes. Agora, é tentar completar possíveis lacunas.

A casta tem origem na Croácia, onde é chamada de crljenak kaštelanski ou tribidrag, de onde teria sido levada por imigrantes para a Itália na Idade Média. No país quase vizinho, ganhou o nome de primitivo, devido à sua característica de amadurecimento precoce (do latim “primativus” ou “primaticcio”).

Hoje, nos campos ensolarados da Puglia, no sul da Itália, a primitivo reina suprema. Encontrou por lá um habitat ideal e se desenvolveu o estilo que a consagrou.

O amadurecimento, além de precoce, é irregular. No mesmo cacho, pode haver uvas maduras e outras mais verdes, gerando vinhos desagradavelmente herbáceos. Para que isso não aconteça, a prática comum é deixar a uva mais tempo no pé, até ficar sobremadura.

Assim, no clima quente da Puglia, a primitivo adquire esta maturação ideal, com altos níveis de açúcar na fruta, que se transforma em altos teores de álcool no vinho, com acidez baixa, taninos aveludados, muita cor, corpo carnudo, boa concentração de sabores e por vezes algum açúcar residual natural.

No nariz, as notas típicas são de frutas negras maduras, como ameixas e cerejas escuras, especiarias doces, chocolate e uma leve nota de tabaco. Suas regiões de maior prestígio na Itália são Primitivo di Manduria e Primitivo di Gioia del Colle, duas D.O.C. da Puglia.

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Da Croácia, a primitivo também migrou para a Áustria, onde foi batizada de zinfandel. Em 1820, mudas teriam sido exportadas de lá para os Estados Unidos, onde seu nome foi mantido.

Hoje a casta praticamente inexiste na Áustria, mas é uma das mais populares na Califórnia. Em território norte-americano, em um clima não tão quente quanto o da Puglia, o perfil é normalmente de frutas mais vermelhas que negras, como framboesas e morangos, acompanhados por uma sensação picante de pimenta preta e canela, embora o perfil alcoólico e de baixa acidez permaneçam.

Nos Estados Unidos é popular também o chamado white zinfandel, que é um rosado muito claro, herbáceo e adocicado. Na terra de Tio Sam, os melhores vinhedos de zinfandel ficam nas regiões californianas de Dry Creek, Mendocino e principalmente Lodi, que possui vinhas velhas de zinfandel que podem gerar vinhos de grande complexidade.

Em geral, primitivo e zinfandel são vinhos populares, que agradam em especial os consumidores iniciantes, por seu estilo que não agride o paladar, com acidez baixa, álcool alto, taninos macios e algum açúcar.

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Cubardi Salento Primitivo 2021 Da vinícola schola sarmenti, de salento, na Puglia. Elaborado com 100% primitivo, com seis meses em barricas de carvalho francês. Cor rubi violácea muito escura. Aromas de geleia de morango, ervas, chocolate, passas, tabaco. Paladar encorpado, denso e macio, acidez média, 15% de álcool. R$ 199,88, na Wine.

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Tintos: da uva primitivo (Divulgação/Divulgação)

San Marzano Sessantanni Primitivo Di Manduria 2018 Da vinícola San Marzano, da Puglia, 100% primitivo, com doze meses em barril de carvalho. Cor muito escura, violácea. Aroma de madeira nova, especiarias, frutas negras bem maduras, amoras, baunilha, cravo. Paladar encorpado, acidez média-baixa, 14% de álcool, bom volume de taninos doces e aveludados. R$ 459,90, na Grand Cru.

Carnivor Zinfandel 2021 Da Carnivor Wines, da Califórnia (EUA). 100% zinfandel, com passagem por barricas de carvalho francês e americano. De cor rubi escura. Aroma frutado, com notas de amora, cereja em calda, alcaçuz, baunilha, defumados. Paladar macio, acidez moderada, taninos de média estrutura, com algum açúcar residual, 14,5% de álcool. R$ 146,94, na Wine.

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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de julho de 2024, edição nº 2903.

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