A música e o teatro impulsionam ‘O Coro’, nova série do Disney+
'O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu' tem Miguel Falabella como criador e diretor - e São Paulo como personagem
Uma seleção do que há de melhor na MPB para as novas gerações, com muito teatro e uma São Paulo que vai além dos cartões-postais. Essa é a receita da série O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu, cuja estreia no Disney+ acontece em 28 de setembro.
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Criada e dirigida por Miguel Falabella, a trama acompanha um grupo de jovens adultos que, ao encarar o teste de elenco para uma famosa companhia de teatro musical brasileira, veem a chance de alcançar sonhos profissionais. Serão dez episódios ao todo, com Falabella fazendo uma participação como o produtor que lança as audições.
“Sempre foi uma vontade falar do meu universo. Já dirigi doze musicais e sempre me fascinou esse processo de audição, de escolha”, explica. Ele conta que sua maior preocupação ao criar O Coro era resgatar o que há de melhor na música nacional. Resgate, aliás, é a palavra que mais se encaixa no tom da produção.
Chico Buarque, Milton Nascimento, Pixinguinha, Rita Lee, Raul Seixas, até chegar aos destaques do sertanejo: tudo se combina ao longo dos capítulos. “A gente não pode perder os pilares da nossa formação musical.” Falabella imaginou uma série em que cada episódio faria uma homenagem a um gênero ou uma época específica. E os personagens que criou são inspirados em pessoas que conheceu ao longo da vida.
Sara Sarres, Karin Hils, Lucas Wickhaus, Daniel Rangel, Mica Diaz, Gabriel Hipólyto, Graciely Junqueira, Carolina Amaral, Rhener Freitas, Gabriella Di Grecco, Bruno Boer, Guilherme Magon e Magno Bandarz compõem o vasto elenco. “Foi uma experiência inédita, pois os meus personagens, dessa vez, não são tão bizarros. Eles não são donos de funerária ou maquiadoras alcoólatras”, diz, bem-humorado.
Falabella ressalta que o processo de ensinar aos jovens as artimanhas do ofício, durante as filmagens, foi bem agradável. “Estou passando a tocha, assim como tive quem me ensinasse. Trabalhei anos com Marília Pêra. Costumo dizer que eu tive masterclasses o tempo todo”, relembra. Ele também está animado por trabalhar com o streaming, tendo já uma segunda série a ser produzida no Disney+: O Som e a Sílaba, baseada na peça de sua autoria. “No streaming, aposta-se na originalidade. Eles foram receptivos com as minhas propostas. Depois de receber tantos ‘nãos’, fui bem acolhido”, conta.
Já entre suas ideias para O Coro, também estava a de capturar uma São Paulo que saísse do óbvio e refletisse a visão de quem acaba de chegar. “Eu sou carioca, mas vivo aqui há muitos anos. A cidade foi um aprendizado para mim e ainda lembro de como me senti quando me mudei. ‘A dura poesia concreta de tuas esquinas’”, diz, parafraseando um trecho de Sampa, canção de Caetano Veloso.
O diretor ainda conta que algumas das cenas mais impactantes foram filmadas no Teatro Alfa, que emana a grandeza do ofício. “Nós tivemos uma direção de arte cuidadosa, um figurino muito bonito… Também filmamos no Beco do Batman e naqueles prédios dos anos 50 em Higienópolis.” Sobre a expectativa para a estreia, Falabella se apoia no impacto que a música possui.
“Se não inspirar as pessoas, embalar seus corações certamente vai.” Ele defende a ideia de que a base do teatro musical está em São Paulo. “A cidade canta. Para os jovens que buscam seguir essa área, aqui é o lugar.” O diretor diz se sentir orgulhoso por comandar O Coro nesse momento que considera “tão difícil”. “É importante que a série venha para reafirmar a necessidade da cultura. O teatro é o espelho da civilização. É nas manifestações de arte que se discutem temas relevantes. É onde a vida avança.” ■
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Publicado em VEJA São Paulo de 28 de setembro de 2022, edição nº 2808