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Minissérie ‘Independências’ é revisão autoral e reflexiva do passado do Brasil

Produção de dezesseis episódios da TV Cultura estreia no dia 7 de setembro e foi filmada na Vila Leopoldina

Por Barbara Demerov
2 set 2022, 06h00
Imagem mostra homem e mulher com roupas pretas, em ambiente escuro
Independências: série de Luiz Fernando Carvalho dá voz a figuras apagadas pela história. (Paulo Mancini/Divulgação)
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Examinar o passado do Brasil não é mais só sinônimo de reler livros antigos de história. Há mais informações a analisar e vozes a ouvir. Com a independência do país completando 200 anos, o mais recente projeto do cineasta e diretor de TV Luiz Fernando Carvalho (de Capitu e O Rei do Gado) apresenta um olhar inédito diante desse fato histórico.

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Independências, minissérie criada com exclusividade para a TV Cultura e filmada em um galpão da Vila Leopoldina, estreia na quarta (7) e terá dezesseis episódios, exibidos semanalmente na TV aberta até o fim do ano.

O diretor conta que um dos intuitos é fazer o espectador tomar consciência do que há para celebrar. “Estamos comemorando a versão que está nos livros, heróis e heroínas equivocados? Por isso, optei por não fazer nada sobre o Sete de Setembro em si. A história começa muito tempo antes, em 1808, quando a família real foge e vem para cá. Essa vinda já traz todo o conceito e pensamento imperialista da época.”

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Minissérie estreia na quarta (7) e terá dezesseis episódios. (Paulo Mancini/Divulgação)

Carvalho afirma não estar no papel de julgar a história: ele apenas quer exibir tudo aquilo que está documentado, fruto de sua extensa pesquisa. O diretor explica que o ato da independência não corresponde somente a dom Pedro I e que outras figuras importantes também deixaram marcas: imperatriz Leopoldina, frei Caneca e Maria Felipa. “Essa ideia de retrato único, herói único, é uma enorme falácia. Em cada capítulo veremos a desconstrução desse modelo”, promete.

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Carvalho destaca que a série anda de mãos dadas com a nova historiografia e está amparada por uma pesquisa de novos historiadores que estudam o período da colonização portuguesa. “Eu não tenho como dizer que trabalhei sozinho. Kaká Werá Jecupé, Ynaê Lopes dos Santos, Cidinha da Silva e Tiganá Santana foram verdadeiros coautores.”

Ele também observa que as escolas devem sair do lugar-comum ao abordar o tema. “Apesar da lei que obriga as escolas a trazer estudos sobre a vinda dos afrodescendentes e da importância da cultura indígena, raras são as instituições que respeitam isso.” Por esse motivo, Independências possui uma roupagem que deve chamar atenção de gerações jovens. “Me interessa atingir esse público. É por isso que a série tem um tom pop, com o uso de cores, de luzes, da montagem… Vários elementos buscam um diálogo com a geração mais jovem, aquela que pode ajudar a salvar o país.”

Além do estilo diferenciado e da direção que remete ao teatro, a produção já se inicia com uma personagem falando quimbundo, língua africana. “Essa fala ancestral é uma de nossas primeiras línguas junto com o tupi-guarani. Fato é que o país não teria sobrevivido sem as diretrizes dos povos originários e africanos. É preciso reequilibrar as coisas. É evidente que a potência europeia tem valores incríveis, mas ela poderia se trançar com a cultura indígena.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805

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