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Cultura & Lazer

‘El Conde’ chega à Netflix na semana dos 50 anos do golpe militar no Chile

Sátira recebeu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, no último sábado (09)

Por Barbara Demerov
15 set 2023, 06h00

Pinochet no meio de sua sala de estar; foto em preto e branco — El Conde: vencedor de prêmio no Festival de Veneza (NETFLIX/Divulgação)

✪✪✪ A sátira El Conde, produção original da Netflix, chega à plataforma nesta sexta (15) logo após ter conquistado o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e na semana que marca os 50 anos do golpe militar no Chile. A data não foi escolhida por acaso.

+‘Retratos Fantasmas’ vai disputar uma vaga no Oscar 2024

Carregado de crítica política, o filme dirigido por Pablo Larraín (Jackie e Spencer), retrata o ditador chileno Augusto Pinochet (Jaime Vadell), responsável por um dos regimes mais violentos do continente, como um vampiro que teria forjado a própria morte e que segue vivendo de forma reclusa, num casarão no interior do país.

Cansado da eternidade, ele agora considera a possibilidade de deixar o mundo de vez, o que lança os filhos numa disputa pela sua futura herança. Enquanto isso, uma jovem freira se aproxima da família do ex-presidente e acompanha de perto todas as intrigas do clã.

É preciso ter no repertório um conhecimento básico dos acontecimentos do século XX para poder sacar todas as ironias do longa – inclusive a revelação sobre a narradora da história, que só aparece de fato no ato final. A fotografia em preto e branco e o ritmo baseado em longos diálogos também podem ser empecilhos para o público geral.

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Mas é inegável que rende pano para manga caso o espectador tenha interesse em geopolítica ou simplesmente se proponha a refletir sobre como a dificuldade da América Latina em exorcizar figuras que aterrorizaram seu passado continua ameaçando o presente da região.

Quando em Veneza…

Um dos mais tradicionais do mundo cinematográfico, o Festival de Veneza chegou à sua 80ª edição em 2023. Com premiação realizada no último sábado (09), o evento fez brilhar diversas produções – a começar por El Conde, com o prêmio de melhor roteiro escrito pela dupla Guillermo Calderón e Pablo Larraín.

Priscilla, novo filme da diretora Sofia Coppola (Maria Antonieta), venceu na categoria de melhor atriz. A jovem Cailee Spaeny interpreta Priscilla Presley no drama que tem tudo para chegar com fôlego no Oscar 2024.

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Outro nome de peso em Veneza foi Yorgos Lanthimos, cineasta que dirigiu A Favorita em 2018. Seu novo título, Pobres Criaturas, também deve vir forte na temporada de premiações após ter sido agraciado com o cobiçado Leão de Ouro, principal troféu do festival. Emma Stone, vencedora do Oscar por La La Land (2016), é a protagonista.

Evil Does Not Exist, de Ryusuke Hamaguchi, recebeu o Leão de Prata – Grande Prêmio do Júri. O presidente do júri do Festival de Veneza em 2023 foi o cineasta Damien Chazelle (de La La Land e Babilônia).

Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859