‘Men’: cineasta Alex Garland entrega terror visceral (e feminista)
No longa, Harper (Jessie Buckley) tira um tempo para descansar em local isolado, mas percebe que está sendo perseguida
✪✪✪ Alex Garland é um diretor peculiar. O inglês já possui em seu currículo alguns filmes elogiados mundialmente, como Ex Machina e Aniquilação. São ficções científicas que dão atenção ao comportamento humano em situações incomuns e que, por esse motivo, são bem diferentes do que o público está acostumado a ver no gênero.
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Agora, sua terceira aventura na direção traz uma experiência incômoda, chegando perto de um terror visceral. Em ‘Men’, em cartaz nos cinemas, as mensagens subliminares, às vezes, não são tão misteriosas assim.
A atriz Jessie Buckley (A Filha Perdida) atua sozinha na maior parte do tempo neste thriller e entrega um excelente trabalho como Harper. Ela acaba de passar por uma tragédia pessoal e busca tirar um tempo para si ao viajar para a bela área campestre inglesa. Sozinha, quer encontrar um lugar para se curar e refletir. Mas alguém ou algo da floresta ao redor parece estar perseguindo-a… e as coisas não melhoram a partir dessa descoberta.
O longa possui belíssima fotografia e paisagens, mas o contraste proposital que Garland apresenta ao inserir vários personagens masculinos nos cenários é perturbador. De início, o dono da casa alugada por Harper aparenta ser tranquilo, mas ao longo da narrativa vários homens solitários, com o mesmo rosto, vão surgindo.
As personalidades são diferentes e, curiosamente, ela parece não se dar conta das semelhanças físicas. ‘Men’ é um filme com teor feminista, mas não no sentido de visar a uma mensagem de desprezo pelos homens. Harper ainda quer confiar neles, mas quem está do outro lado da tela, acompanhando a ficção, entende que a viagem para o campo trará descobertas íntimas que, uma hora ou outra, teriam de chegar à superfície.
Vale deixar registrado que o próximo filme de Garland, Civil War, terá Wagner Moura e Kirsten Dunst como protagonistas. Ainda não há data de estreia.
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Publicado em VEJA São Paulo de 14 de setembro de 2022, edição nº 2806