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A Tal Felicidade

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Saúde, bem estar e alegria para os paulistanos

A felicidade só cabe na imperfeição

Para o educador físico Samorai, a nada saudável competição pelo “corpo perfeito” da academia pode dar lugar ao equilíbrio

Por Samorai
5 mar 2021, 06h00
Homem jovem se olhando em um espelho quebrado
Samorai: cuidado sim, obsessão não (Malte Mueller/Getty Images)
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VISÃO DE UM EDUCADOR FÍSICO

Não tenho como não relacionar corpo a felicidade. Mas, ao contrário do que você pode estar imaginando, o que vai lhe trazer felicidade não é um “corpo perfeito”, mas o seu, imperfeito como é. Sim, a felicidade só cabe na imperfeição.

BUSCA PELA PERFEIÇÃO

Por muitos anos, trabalhei com pessoas cuja meta era o tal do “corpo perfeito”. E quanta tristeza, doenças e privações não vivi! Até porque o corpo perfeito também era uma obsessão minha. Vivia esse modelo de escravidão: para manter o máximo de 6% de gordura, não podia comer pizza, ir ao churrasco, tomar cerveja. Achava que isso me faria mais feliz, que eu seria mais querido e admirado, porém a felicidade está bem longe disso.

FIM DA MALHAÇÃO

O exercício é um meio de se conhecer, de se abrir, ganhar confiança, de se desafiar. Mas aquela malhação na academia, num contexto que estimula a vaidade, a competição, acabou. A maioria das pessoas que entram nesse ambiente não gosta. A nossa inteligência física é tão importante quanto a racional e a emocional. Para alcançar essa harmonia, é preciso que você entenda o que lhe dá mais condição de seguir sua jornada. E, uma vez visto e cuidado de forma integral, nunca mais vai querer voltar atrás.

CUIDADO SIM, OBSESSÃO NÃO

É lógico que é legal você ser bonito e ter hábitos saudáveis, mas o ideal de corpo das redes sociais muitas vezes não é consequência de bons hábitos. Quantas pessoas consideradas modelos de beleza são deprimidas? Usam e abusam de padrogas, cigarros, álcool, termogênicos, GH, esteroides, cirurgias plásticas, editores de imagem para disfarçar suas singularidades. Que saúde tem isso?

SEM ENGANAÇÃO

Uma vez li uma matéria com o surfista Kelly Slater em que o repórter ficou uma semana com ele em Maresias durante um torneio. A chamada exaltava Kelly como a pessoa que você desejaria ser: recordista de títulos mundiais, bonito, sarado, desejado e milionário. A última pergunta, porém, mudou a minha vida. O repórter questionou: “Você é feliz?”. E ele respondeu: “São 5 da manhã, estamos nós dois aqui bêbados. Você acha mesmo que sou feliz?”.

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NÃO É SOBRE O TANQUINHO

A felicidade nasce no coração, na aceitação e na gratidão. E, claro, na busca pela evolução. Quando entendi isso, experimentei a felicidade. Tudo é perfeito como é. A felicidade não se busca, transborda. Seus elementos indispensáveis não são os six packs, mas o amor, o perdão, a compreensão. Nunca busque a felicidade em algo. Queira tudo, mas não precise de nada. Comece por dentro, algo que só você tem, um lugar que só você visita. Sua felicidade mora aí.

PEQUENAS VITÓRIAS

Hoje, trabalho com os alunos que têm mais dificuldade. Aqueles cujo corpo está sendo, muitas vezes, uma cruz muito pesada. Apesar de todas as dificuldades, eles celebram suas pequenas vitórias, são leves e muito mais saudáveis. São felizes.

AUTOACEITAÇÃO

Eu também não tenho mais o corpo de outrora. E não há nada de errado se você quiser seguir nessa busca. É um caminho e um investimento como outro qualquer. O importante é que você não dependa disso para sorrir. Você é especial e perfeito como é.

Imagem mostra o educador físico Samorai
Samorai: um jeito diferente de pensar a educação física (Divulgação/Divulgação)
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Bacharel em esporte, Samorai (@samorai3d) é criador do método de treinamento 3dimensional para reabilitação e tratamento de lesões. Trocou a preocupação com a “perfeição” do corpo pela busca de harmonia entre mente, emoções e corpo.

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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de março de 2021, edição nº 2728

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