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Antílopes são mais felizes que os humanos

O escritor Luiz Gaziri fala sobre os efeitos do estresse no cotidiano e na busca pela felicidade

Por Luiz Gaziri, em depoimento a Helena Galante
13 out 2023, 06h00

A felicidade é o principal objetivo de vida de qualquer ser humano: queremos ganhar mais, casar, ser promovidos e até morar no Canadá por acreditarmos que essas ações aumentarão a nossa felicidade. No entanto, o que intriga cientistas do mundo todo é o fato de que, apesar de querermos ser mais felizes, frequentemente tomamos decisões contrárias a esse objetivo.

+ Para se transformar, é preciso reconhecer dores e fragilidades

Anos de evidências de cientistas como Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, revelam que emoções positivas aumentam nossa motivação, resiliência, criatividade, otimismo e imunidade, causando a liberação de hormônios e neurotransmissores que aumentam a atividade de uma área do cérebro crucial para a tomada de decisões: o córtex pré-frontal. Por outro lado, emoções negativas trazem um aumento na atividade da amígdala, área do cérebro responsável pelo processamento do estresse, ansiedade e medo. A ativação dessa área causa a liberação do neurotransmissor epinefrina e do hormônio cortisol, que aumentam os níveis de açúcar na corrente sanguínea, elevam os batimentos cardíacos e o fluxo dos vasos para enviar sangue com rapidez para os músculos.

Na savana, nossos ancestrais obtiveram amplas vantagens em razão desse mecanismo, já que, ao escutar um barulho atrás de um arbusto, era crucial que o cérebro do indivíduo acreditasse que ali se escondia um leão, em vez de um coelho. Para escapar de predadores, nada melhor do que um sistema que detecta ameaças automaticamente, gera energia rapidamente e direciona um esforço tremendo para preencher os músculos das pernas com sangue para corrermos por nossas vidas. Mas todo mecanismo tem defeitos: a vida na savana moldou o cérebro humano para acreditar sempre e questionar raramente, o aumento nos batimentos cardíacos pode lesionar o sistema circulatório e o cortisol eleva expressivamente os níveis de açúcar no sangue.

Esses fatores são inofensivos se você faz parte de um grupo de antílopes, mas podem ser fatais se você é humano e faz parte de um grupo no WhatsApp. Antílopes não passam parte de seus dias estressados com a preocupação de que um grupo perverso de leões quer inserir um chip em seus chifres para dominar a selva — ao escaparem de um felino faminto, eles voltam a sua vida normal, repleta de momentos positivos.

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Já nós, humanos, imersos em aplicativos onde o barulho, o arbusto e o leão são fabricados, somos presas fáceis para o nosso cérebro primitivo que acredita sem questionar na informação ilusória de que leões nunca param de nos perseguir, ativando constantemente a amígdala, elevando os batimentos cardíacos e jogando os níveis de cortisol para as alturas — um prato cheio para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e depressão.

Se isso não bastasse, a ativação da amígdala prejudica o funcionamento do córtex pré-frontal, fazendo com que nossas decisões diárias sejam catastróficas. Enquanto muitas pessoas dizem precisar “matar um leão por dia”, outras alimentam uma dúzia de leões imaginários por dia. Seria esse o seu caso?

Publicado em VEJA São Paulo de 13 de outubro de 2023, edição nº 2863.

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