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Amor, ordem e progresso

Para Ricardo Cury, o autoconhecimento deve ser a base da educação para praticarmos o Amor

Por Ricardo Cury em depoimento a Helena Galante
6 ago 2021, 06h00
Ilustração mostra várias mãos (de vários tons de pele) esticadas para cima. Na palma de todas, há um coração vermelho.
hands up like hearth concept isolated vector (Canbedone/Getty Images)
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Nós aprendemos desde cedo que o lema da nossa bandeira é Ordem e Progresso. Mas parece que a cada ano que passa esse lema se torna mais inalcançável. Fomos condicionados a acreditar que o progresso material é sinônimo de felicidade. Será? Mesmo aqueles que alcançam esse progresso parecem não ser felizes.

A nossa educação nos estimulou a ser competitivos e buscar sempre aprovação e reconhecimento. E como sociedade criamos um ambiente muito desordenado e doentio, onde a ideia de progresso se tornou algo exclusivo, para poucos e com um custo muito alto para o meio ambiente, pois para progredir temos de explorar sem limites um planeta que tem recursos limitados.

São muitos problemas que vemos hoje e o principal está na saúde mental das pessoas. Vivemos uma crise sem precedentes cuja causa raiz é a desconexão que sentimos. essa desconexão acontece em vários níveis: consigo mesmo, com os outros, com a natureza, com o universo. Um exemplo: a água é a fonte da vida, nosso bem mais precioso, e nós achamos normal viver em grandes cidades com rios poluídos.

Como fomos programados para apenas sobreviver e competir, não conseguimos ver nem sentir como não somos separados das outras pessoas nem da natureza. Estamos impactando a vida e a vida está nos impactando 24 horas por dia. Mas essa falta de consciência não nos permite sentir algo essencial para que haja ordem e progresso em nossa vida: o Amor.

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Curiosamente a frase original que inspirou o lema da nossa bandeira diz: “Amor por princípio de todas as coisas, Ordem por base e Progresso por fim”. O resgate do Amor é a única solução possível para que possamos ser felizes de verdade, e o desafio é que essa é uma escolha individual. Aprendi com minha professora indiana Preethaji que só podemos viver em apenas dois estados de consciência: conexão ou desconexão. Vivemos a partir do amor ou do medo.

Não podemos forçar ninguém a amar, mas podemos criar as condições necessárias para que o amor floresça. Um ser humano amoroso que respeita a si mesmo, o próximo e a natureza só pode existir se ele ou ela recebeu uma educação amorosa da família e da escola. A base dessa educação deve ser o autoconhecimento.

Temos um longo caminho pela frente, mas, como o amor tem uma paciência infinita, não podemos desistir. Acho curioso que a frase principal do nosso hino nacional diz: “Brasil, de Amor eterno seja Símbolo”. Acredito piamente que essa é a nossa missão como brasileiros, é algo que precisamos aprender juntos. Se buscarmos nos conhecer de verdade e se despertar em nós uma vontade de ajudar a humanidade, já estaremos dando um grande passo. esse é o único caminho possível para a tal da felicidade: não apenas pensar em si mesmo, mas nos outros e na natureza.

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Precisamos nos questionar: será que posso ser realmente feliz onde há tanto sofrimento? e o que acredito ser felicidade contribui para a preservação ou destruição do planeta? Se apenas queremos satisfazer os nossos desejos sem nos importar com as consequências, dificilmente seremos felizes. talvez tenhamos momentos de felicidade, mas que não durarão muito tempo.

Aprendi com meu mestre indiano Sri Bhagavan: “Servir a si mesmo é prazer, mas servir aos outros é alegria”. essa alegria só pode ser experimentada quando colocamos o amor em movimento e naturalmente a vida entra em ordem e progredimos em todas as áreas, principalmente em consciência. imagina a revolução que o amor pode fazer neste país?

Se lembrarmos diariamente que somos parte da terra e que não podemos viver separados dela, vamos amar, cuidar e preservar essa mãe gentil que nos dá tudo. Seremos impulsionados pelo coração a estender a mão para aqueles que mais precisam. Honraremos e agradeceremos o fato de estarmos vivendo no país mais rico por natureza.

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Homem careca e de blusa cinza posa sorrindo em frente a um jardim
(Divulgação/Divulgação)

Ricardo Cury é fundador da Academia Brasileira de Autoconhecimento (Abra), plataforma a serviço do despertar do amor.

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Publicado em VEJA São Paulo de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750

 

 

 

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