Preto Cozinha faz clássicos baianos revisados
Chef soteropolitano Rodrigo Freire faz versões de pratos familiares em endereço que custou mais de 1,5 milhão de reais. Leia a crítica
Num ano de incontáveis estreias culinárias na cidade, o Preto Cozinha está entre as surpresas de 2022. O restaurante surgiu por obra e graça do advogado soteropolitano Rodrigo Freire, que trabalha para um aplicativo de entrega em domicílio, do qual pretende se desligar, mais um investimento estimado em mais de 1,5 milhão de reais feito por ele.
Depois de testar por mais de três anos seu talento culinário em jantares para amigos e num serviço de catering, Freire se sentiu seguro para criar o espaço. Escolheu o ponto que num passado distante abrigou o Meaípe, especializado em moqueca capixaba e que hoje atende na região da Saúde. “Quando entrei no imóvel, estava fechado há muito tempo. Era uma casa abandonada, não tinha elétrica nem hidráulica”, conta.
Guiado pela emoção de pilotar o fogão, o mestre-cuca intuitivo não abriu mão de contar com a ajuda de chefs profissionais tanto na montagem da cozinha quanto no aprendizado de técnicas culinárias. Assim, o Preto Cozinha abriu as portas em maio com o quarteto de protagonistas: coentro, leite de coco, azeite de dendê e camarão seco.
Sintético, o cardápio traz pratos que acompanham Freire, 36, desde a infância em sua Salvador natal — ele se radicou na capital paulista doze anos atrás. Uma brisa do mar surge em entradas como o par de pastéis de arraia desfiada com generosa quantidade de leite de coco (R$ 37,00) — um toque da pimenta que vem à mesa é essencial para realçar o sabor. Está também na porção de mexilhões no leite de coco, que traz uma doçura quebrada pela acidez do limão e de uma generosa quantidade de cebola, servida com pão de fermentação natural da casa (R$ 74,00).
Outro petisco, o clássico pão delícia, aquele pãozinho macio que é um sucesso na capital baiana, leva carne-louca (R$ 34,00) no recheio. Prato-manifesto de Freire, o xinxim, ou a galinhada dos baianos nas palavras dele, aparece numa versão rica em sabor e, digamos, desconstruída. Vira uma combinação de pedaços da sobrecoxa aos quais se adiciona uma mistura de castanha-de-caju, camarão seco, leite de coco e azeite de dendê. É servido com arroz agulhinha cremoso de leite de coco e custa R$ 77,00. tem também o peixe do dia ao molho de moqueca na companhia de farofa de banana (R$ 97,00).
Ponto de atenção, as sobremesas são quase inexistentes. Dá para saborear, por exemplo, um sorvete de coco de bom fornecedor com fitas tostadas da fruta (R$ 17,00).
Avaliação: BOM (✪✪✪)
Preto Cozinha
Rua Fradique Coutinho, 276, Pinheiros, Fradique Coutinho, telefone 95609-6842 (74 lugares).
Das 12h até 23h (sexta e sábado até 1h; domingo até 18h; fechado terça).
Instagram @preto.cozinha.
Aberto em 2022.
Faixa de preço: $$ (R$ 151,00 a 225,00)
Veja o cardápio:
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805
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