La Mar Cebichería Peruana passará por uma mudança radical
O chef Gastón Acurio e o franqueado Alexandre Miqui revelam porque a única filial do restaurante de sucesso internacional está com os dias contados no país
Como se anunciou na mais recente edição do guia anual COMER & BEBER publicada em setembro, o La Mar Cebichería Peruana mudaria de endereço. A previsão da troca de ponto da única franquia brasileira de uma das marcas do chef-celebridade e empresário Gastón Acurio era 18 de setembro. A transferência da Rua Tabapuã para a Amauri, 328, onde antes funcionaram o Trindade, o Madson Square Garden e o Aranda Asador y Tapas, só ocorreu em 1º de novembro, a última quinta.
Como acontece com quase toda obra, essa também atrasou. Mas, certamente, essa não é a única transformação pela qual passará o restaurante, conhecido pelos caprichados ceviches e outras receitas típicas do país andino. Um processo mais radical está em curso.
Conversei com o empresário Alexandre Miqui, franqueado da marca no Brasil, e ele me contou que não consegue mais se entender com a matriz peruana. “É certeza que haverá um divórcio. Não sei como e quando vai acontecer. Deve ser neste ano ainda”, adianta.
Esse processo já começou. O cardápio não traz mais o logo do La Mar Cebicheria Peruana. “A franquia nunca considerou o Brasil como uma prioridade. Faltava um pouco de suporte não na questão operacional, mas o Gaston precisava vir mais para cá, nunca se mostrou disponível”, conta Miqui com mágoa. “Até para participações no MasterChef Brasil que foi convidado, ele não veio. Foram duas edições e ele desistiu na última hora.”
O restaurateur também se queixa que quando se programou a ida para a Rua Amauri foi feita uma série de exigências. “Mas não estava disposto a seguir. Então me rebelei e não aceitei.”
Miqui garante também que não escolheu o novo nome para o restaurante, que continuará com cardápio peruano. “Vamos começar a desenvolver a partir desta segunda”, diz. Por enquanto, o menu está funcionando parcialmente. O público poderá provar todos os pratos somente a partir da terça, dia 6.
Entrei em contato com Acurio e, a pedido dele, também com o sócio operacional Pepe Carpena, que conduz a operação do La Mar. “Meu carinho e agradecimento ao Alex [Alexandre Miqui] é muito grande. Me surpreendo que tenha comentado algo assim”, assegura Acurio, um dos responsáveis, ou talvez o principal chef, por tornar o ceviche um prato mundial. “Não visitava a operação porque temos pessoal especializado para isso”.
Ainda que não soubesse dos detalhes, para Acurio o fechamento da unidade paulistana estava ligado diretamente ao contrato de locação, que dobraria de valor problema que se somou a dificuldade de obter insumos. Carpena confirma que o aumento de aluguel teria sido definitivo. E acrescenta: “Cumprimos um contrato de 10 anos e decidimos então nos retirar no Brasil por causa da situação em que o país está agora. Nosso contrato terminou por esses dias, não tenho a data exata.”
O chef culpa também a dificuldade em importar insumos. “É incrível que tendo uma fronteira tão grande não possamos comercializar entre os dois povos com mais facilidade. Não foi fácil levar o sabor peruano original ao Brasil pela dificuldade em ter os ingredientes”, afirma Acurio. “Lamento porque temos La Mar em Lima, Santiago, Buenos Aires, Miami, San Francisco e Doha, todos com grande sucesso, apoiado sempre por nossa organização, porque as equipes trabalham juntas.”
Acurio também se recorda de ter sido convidado apenas uma vez para o MasterChef Brasil, embora a produção da Band tenha confirmado os dois convites. “Será uma honra participar quando me convidem outra vez, uma honra que o MasterChef Brasil convide a cozinha peruana. Já participei na Argentina e não teria porque não o fazer no Brasil.”
O cozinheiro também acredita numa fraternidade culinária entre os dois países. “O sonho de irmanar Peru e Brasil por meio de nossas cozinhas segue com a mesma força de antes”, garante. Aproveitou ainda para revelar um desejo especial: “Sonho em cozinhar com Jefferson Rueda n’A Casa do Porco. E que o chef paulista também venha cozinhar em Lima em nosso restaurante.”
Adianta ainda as comemorações para o aniversário de um quarto de século de seu restaurante gastronômico, o Astrid y Gastón. “Os 25 anos que correspondem mais ou menos aos da história recente da cozinha peruana e latino-americana. Queremos celebrar a data convidando cozinheiros de toda a América Latina. E visitando suas casas também. O mais importante será convidar os líderes [culinários] de cada país da América Latina para que todos celebremos nossas cozinhas, suas receitas e ingredientes com orgulho e atenção do mundo para nossas culturas.”
Clique no cardápio e confira a seleção de pratos ainda sem preços.
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