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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Fundador da Gastronomia Periférica é destaque em prêmio internacional

À frente da escola de empreendedorismo culinário, Edson Leite recebe menção do Basque Culinary World Prize, homenagem a chefs com obras de impacto social

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Atualizado em 23 jun 2022, 13h08 - Publicado em 23 jun 2022, 12h22

Era um quase um time de futebol indicado para o Basque Culinary World Prize, prêmio criado pelo Centro Culinário Basco, renomada universidade de gastronomia sediada em San Sebastián, e pelo Governo do País Basco, para escolher um chef que esteja à frente de iniciativas que tenham um impacto positivo na sociedade. Ao todos, dez indicados disputavam a quantia de 100.000 euros, destinada ao profissional com uma causa que melhor traduza a capacidade transformadora da gastronomia. E tivemos um brasileiro como finalista e com uma das duas menções honrosas atribuída pelo corpo de jurados nesta última terça (21). É o paulistano Edson Leite, conhecido nacionalmente pelo trabalho de ensino empreendedor na escola Gastronomia Periférica.

É preciso voltar um pouco no tempo e entender a história de Leite. Sem muita expectativa profissional, o cozinheiro, criado entre o Jardim São Luís e a cidade de Osasco, na Grande São Paulo, deixou o Brasil e passou seis anos trabalhando em restaurantes de Portugal. “Não estudei formalmente gastronomia, só fiquei cursando como ouvinte a disciplina de um professor na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, de maneira totalmente irregular”, confessa. No retorno, aproveitou a experiência profissional e o conhecimento adquiridos na prática dos fogões para pavimentar uma carreira como assistente e educador social. “Fiz o curso de Serviço Social quando voltei, como bolsista do Fies”, lembra. Foi com essa formação e em parceria com a psicóloga Adélia Rodrigues, que fundou, em 2012, a Gastronomia Periférica, definido por ele como um negócio social.

Trata-se de um programa de formação composto de workshops e cursos abordando tanto técnica gastronômica quanto aspectos comerciais e de empreendedorismo. Nem durante a pandemia, a GP deixou de funcionar. Em 2021, passou a operar também por ensino à distância e a ter alcance nacional. Em uma década de história, atendeu mais de 2 000 alunos.

A gente consegue chegar no Norte da Espanha e ser reconhecido pelo País Basco. Me deixa triste que o poder público do Brasil ainda não enxerga o alcance da escola de gastronomia periférica

Edson Leite

Para Leite, um dos pontos mais impactantes de ter recebido a menção especial foi o contraste entre o alcance de seu projeto no exterior e aqui no Brasil. “A gente consegue chegar no Norte da Espanha e ser reconhecido pelo País Basco. Temos o reconhecimento lá fora. Me deixa triste que o poder público do Brasil ainda não nos vê, não enxerga o alcance da escola de gastronomia periférica. Queria olhar na bolinha do olho do prefeito para saber  o que ele pensa a esse respeito”, queixa-se.

Em sua sétima edição, o Basque Culinary World Prize teve o júri presidido pelo chef Joan Roca, do restaurante El Celler de Can Roca (Girona). Ele tinha ao lado dele colegas notáveis: Gastón Acurio e Pía León (Peru), Michel Bras (França), Manu Buffara (Curitiba), Mauro Colagreco (Argentina/França), Dominique Crenn (França/EUA), Trine Hahnemann (Dinamarca), Enrique Olvera, Elena Reygadas (México),  Narda Lepes (Argentina) e Josh Niland (Austrália).

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Fico muito grato em ver uma chef de cozinha preta, africana, com um projeto superbacana ganhar. Me sinto satisfeito em ver um dos nossos sendo contemplado

Edson Leite

A vencedora foi Fatmata Binta, de Serra Leoa e com atuação em Gana. Como missão, a chef, que é a imagem da Fulani Kitchen Fondation e está no comando de um restaurante itinerante, faz o trabalho de preservação dos hábitos alimentares do povo Fulani, uma das maiores tribos nômades, da África Ocidental, por meio do treinamento de mulheres e meninas. “Fico muito grato em ver uma chef de cozinha preta, africana, com um projeto superbacana ganhar. Me sinto muito satisfeito em ver um dos nossos sendo contemplado, num território onde nasce a humanidade, nossos ancestrais.” O cozinheiro paulistano dividiu menção honrosa com Douglas McMaster, do Reino Unido.

A chef africana Fatmata Binta diante de um campo cultivado
Fatmata Binta: atuação com tribos nômades Fulani (Reprodução/Instagram)

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