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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Morre a culinarista Bettina Orrico, artista da cozinha

A soteropolitana radicada em Sao Paulo, que por mais de quarenta anos trabalhou na revista CLAUDIA, morreu no último dia 29, aos 89 anos

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
3 fev 2023, 06h03

Um mundo de Bettina Orrico era o da arte. Encantada por cores em toda sua intensidade, ela, que nos deixou no domingo (29) aos 89 anos em consequência de um infarto, cursou Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Chegou a morar um par de anos em Roma para aprimorar o talento e dedicava-se no início de carreira à pintura naïf.

A arte culinária entrou em sua vida quando ela se transferiu da capital baiana para São Paulo, no início da década de 70. Com apurado senso estético, começou a cuidar do visual das fotos do suplemento de cozinha da revista CLAUDIA, da Editora Abril, que também publica a Vejinha. Era food stylist muito antes de a profissão existir. Uma mulher avant-garde.

Em CLAUDIA, trabalhou por mais de quatro décadas, quando se desligou da publicação em 2018. Ao longo desse período, passou a culinarista criando receitas que eram amadas por leitoras e leitores. Nascida Elisabetta Luzia Robatto Orrico em Salvador, Bettina sempre defendeu a culinária nacional.

Homem e mulher sentados à mesa
Lorençato e Bettina: jurados de concurso (Revista AnaMaria/Divulgação)

Além das receitas que criava, escreveu um livro muito especial em 2009 intitulado Os Jantares que Não Dei. Uma mescla de crônicas e pratos, a obra é uma homenagem a pessoas para as quais Bettina gostaria de ter cozinhado, entre elas o restaurateur Massimo Ferrari, o jornalista Thomaz Souto Corrêa e os cantores e compositores Chico Buarque e Zeca Baleiro, além da atriz Beatriz Segall (1926-2018), da pintora Tomie Ohtake (1913-2015) e do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012).

O repertório de histórias curiosas na vida de Bettina incluía ter ciceroneado o chef Paul Bocuse (1926- 2018) em uma visita feita ao Brasil em 1977. A culinarista teve a oportunidade de preparar um banquete baiano para o papa da gastronomia francesa, que teria rasgado o elogio “pas mal”, ou nada mal. Também chegou a dar pitacos no cardápio de estreia do extinto Brasil a Gosto, restaurante premiado de cozinha brasileira que deixou saudades.

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Desde 2018, Bettina era colaboradora com uma coluna no site do Instituto Brasil a Gosto, dedicado à pesquisa de culinária nacional. Com a amiga Bettina, tive a oportunidade de participar de algumas edições do concurso cultural Minha Receita Preferida, promovido pela revista Ana Maria, na época dirigida por Monica Kato. Compenetradíssimos, avaliávamos junto de outros profissionais as receitas das leitoras.

Talvez poucos jurados entendessem mais sobre cozinha doméstica do que Bettina. No fim de outubro, troquei mensagens com Bettina pelo Whats-App. Ela escreveu: “Que alegria, que prazer!!! Eu pensava que já era esquecida!! Hoje, fiquei mesmo orgulhosa com sua mensagem!! Que bom!! Quando puder, dê notícias. Quem sabe um dia nos encontraremos para trocar umas ideias! Tudo de bom para você. Todas as bênçãos para você e família”.

Iríamos nos encontrar na minha volta de férias, neste início de 2023. Uma pena. Não deu tempo. Bettina deixa as primas Yeda Robatto Stasi e Sonia Robatto Fernandes e os sobrinhos Giovanna e Roberto.

Publicado em VEJA São Paulo de 8 de fevereiro de 2023, edição nº 2827

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