Tour gratuito desvenda lendas e assombrações que envolvem o centro
Caminhada começa no Vale do Anhangabaú e percorre endereços famosos, como o Edifício Martinelli, local onde aconteceram misteriosos assassinatos
O Anhangabaú é o rio das águas assombradas. Oi? A origem do nome do curso de água que percorre o subterrâneo da histórica região do centro da capital paulista marca o início de um passeio que guia os interessados pelas lendas urbanas mais famosas da cidade.
Tudo começa por volta das 9 horas, no Vale do Anhangabaú. “É mitologia popular. Não somos caça-fantasmas, querendo provar a existência de nada”, explica com bom humor o roteirista e compositor Thiago de Souza, 43. Ele é o guia e um dos criadores do roteiro, que começou com o podcast O que Te Assombra, que explora as lendas urbanas de cidades como Campinas, Belo Horizonte e São Paulo. Os episódios de cada temporada, repletos de efeitos sonoros e um ar de suspense, servem de apoio para as caminhadas.
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No caso paulistano, 6 quilômetros são percorridos em duas horas e vinte minutos. A próxima caminhada rola no dia 21 de abril e será a oitava: a primeira foi em fevereiro e na última atração, no começo de abril, mais de 100 pessoas participaram.
São oito pontos de parada, começando no Anhangabaú e terminando na Capela dos Aflitos, na Liberdade (veja detalhes no mapa abaixo). Em cada etapa, Souza explica a lenda urbana e, então, contextualiza o conto com o momento histórico da área. “As lendas de assombração têm várias camadas, muito mais do que o susto, têm recortes sociais, memória histórica e podem ser um instrumento de diagnóstico das comunidades”, afirma.
Tudo começou após Souza ler o livro Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre. “A gente pesquisa muito, por vezes vai a cada lugar e coleta informações. No caso da parada na Agência Central dos Correios, tivemos funcionários que relataram algumas lendas para a gente”, explica o músico Silo Sotil, 44, que também faz parte da empreitada. “Estudamos mitologia indígena, pela história do Rio Anhangabaú. O nome vem de Anhangá, uma entidade indígena. Na crença dos tupinambás, o Anhangá se alimenta das almas de quem morre e, por isso, o vale é assombrado”, diz Thiago. Vai encarar?
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1. Vale do Anhangabaú
Na lenda, o território é o lar do Anhangá, entidade indígena que, entre seus poderes, desvia as almas do paraíso, mantendo-as na terra assombrando o mundo dos vivos.
2. Teatro Municipal
Entre os contos, entidades derrubando objetos, cantoras líricas invisíveis em galerias subterrâneas e um pianista fantasma.
3. Agência Central dos Correios
Portas e gavetas se fecham misteriosamente. Outra lenda é a de que crianças fantasmas brincam e atravessam paredes.
4. Edifício Martinelli
Uma mulher morta circula por entre os andares do histórico edifício, na crença popular. O endereço também foi palco de misteriosos assassinatos.
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5. Edifício Praça da Bandeira (antigo Edifício Joelma)
Palco de uma tragédia paulistana, a lenda mais conhecida é a das treze almas do Joelma, que teriam morrido durante o incêndio de 1974, presas em um elevador.
6. Câmara de Vereadores
Nos contos populares, o Palácio Anchieta, sede do Legislativo paulistano no Viaduto Jacareí, abriga espíritos que acionam os elevadores, leem livros na biblioteca e até mesmo há uma noiva fantasma que aterroriza os frequentadores do lugar.
7. Casa de dona Yayá
A entidade do endereço seria justamente Sebastiana de Melo Freire, a dona Yayá. Com uma trágica história de vida, os relatos falam de aparições da mulher, que morreu aos 74 anos com problemas mentais.
8. Capela dos Aflitos
Francisco das Chagas é a estrela do ponto, o Chaguinhas. Líder de uma revolta, o cabo negro foi condenado à morte no pedaço em 1821. A corda da forca teria arrebentado três vezes antes da execução.
COMO PARTICIPAR:
Para acompanhar os passos da caminhada Reconheça o que te assombra basta ficar atento nas redes sociais. A próxima é no dia 21.
Aos interessados, envie uma mensagem para o Instagram @oqueteassombra ou para o e-mail: oqueteassombra@gmail.com.
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de abril de 2022, edição nº 2785