Nem tão TOP assim: bilhete de transporte é alvo de críticas de usuários
Novo sistema de bilhetagem metropolitano é alvo de críticas de usuários e questionamentos na Justiça
O cartão TOP, bilhete de transporte metropolitano usado para pagamento de passagem em ônibus intermunicipais, metrô e trens, vem sendo alvo de diversas críticas de usuários. Mais recentemente, ele entrou também na mira do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) pelo serviço ter sido passado para uma associação sem que a licitação para isso fosse feita.
+ CET quer ampliar faixa de motos para o corredor Norte-Sul
Entre as queixas dos passageiros estão a instabilidade do sistema do aplicativo do TOP no celular; dificuldade na compra de bilhetes nos totens das estações; e ainda problemas na solicitação do cartão físico e do benefício de passe livre.
“Solicitei o cartão e, apesar de o site da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo) indicar que tenho o benefício de estudante liberado, não consigo usar os créditos pelo TOP. O atendimento da empresa pelo WhatsApp, feito por um robô, é ineficiente”, queixa-se João Vitor Sousa, 17, que mora em Guarulhos e estuda em São Paulo.
Criado em novembro de 2021, o novo bilhete metropolitano substituiu o BOM, que era usado em todas as linhas que circulam entre as 39 cidades da Grande São Paulo e também em ônibus municipais de doze delas. Isso não acontece com o TOP, já que o cartão não é aceito para a integração. Só ocorrerá se as prefeituras das cidades metropolitanas aderirem ao sistema.
+ Furtos de veículos explodem na cidade de São Paulo e superam pré-pandemia
O novo sistema de recarga pelo aplicativo também é alvo de críticas. “O app demora para atualizar e bilhetes antigos e novos se misturam no celular. Os totens da estação Tatuapé também falham com frequência para a compra do bilhete físico, e juntam filas”, afirma o engenheiro Filipe Rabello, 33.
Para piorar a situação dos usuários da capital, desde o último dia 3 o BOM não aceita mais recargas como era possível fazer na fase de transição, iniciada em novembro.
Procurada para comentar os problemas dos passageiros, a Secretaria de Transportes Metropolitanos se limitou a dizer que o sistema modernizou e simplificou os meios de pagamento e acesso aos transportes.
+ Em São Paulo, letalidade em ações policiais caiu, diz Ouvidoria da Polícia
Se a pasta não responde às críticas dos usuários, deverá fazê-lo formalmente ao conselheiro Robson Marinho, do TCE-SP. Ele questionou a secretaria — e ainda o Metrô, a CPTM e o ex-secretário Alexandre Baldy — sobre o motivo pelo qual o serviço de bilhetagem não passou por licitação, conforme prevê a Constituição Federal.
Segundo Marinho, o que o governo estadual fez foi meramente repassar o serviço e delegá-lo a uma associação, modelo “estranho à legislação”.
A secretaria defende a legalidade, assegurando que a associação que gere o sistema reúne operadoras de ônibus intermunicipais, estas com contratos de concessão vigentes desde 2006.
+Assine a Vejinha a partir de 12,90.
Publicado em VEJA São Paulo de 4 de maio de 2022, edição nº 2787