Especialistas descartam febre maculosa em capivaras do rio Pinheiros

ONG que monitora 120 animais que circulam na região da ciclovia e do parque Bruno Covas realiza exames semanais

Por Clayton Freitas
Atualizado em 15 jun 2023, 10h06 - Publicado em 14 jun 2023, 18h02
Ciclista passeia por ciclovia do Parque Bruno Covas, que será inaugurado em junho. Do lado direito, é possível ver o rio Pinheiros e do lado esquerdo, na grama, está uma família de capivaras. O dia está ensolarado e o céu bem azul
Família de capivaras na nova ciclovia: a fauna voltou (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Os carrapatos das fofas capivaras que circulam pela ciclovia do rio Pinheiros, Parque Bruno Covas, imediações da Represa de Guarapiranga ou do rio Tietê estão livres de contaminação por febre maculosa, segundo especialistas. Neste ano a doença foi a responsável pela morte de seis pessoas no estado, três delas nos últimos dias após participarem de uma festa numa fazenda em Campinas. Uma adolescente que trabalhou no evento também morreu e suspeita-se que o motivo também tenha sido após ser picada por carrapatos contaminados.

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“Ciclistas e frequentadores do parque Bruno Covas podem ficar tranquilos pois não há contaminação”, afirma Mariana Aidar, presidente da ONG Projeto Capa (Centro de Apoio e Proteção Ambiental), que monitora a situação das cerca de 120 capivaras que ficam nas margens do Rio Pinheiros, entre o Cebolão e a Avenida Miguel Yunes. Ela diz que semanalmente são coletadas amostras de carrapatos que são encaminhadas para exames laboratoriais. Até agora não há indicação de que a doença esteja circulando.

A médica veterinária e pesquisadora científica do Instituto Reprocon Fernanda Battistella Passos Nunes afirma que não há incidência da circulação da bactéria nos carrapatos estrela que parasitam as capivaras das marginais, sendo considerada uma área não endêmica de febre maculosa, embora já tenha sido registrada em cidades da região de Campinas. “Isso não significa que a área [cidade de São Paulo] não venha a ter algum dia”, diz. Porém, a única forma disso ocorrer é pela transmissão de um animal hospedeiro.

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Com a experiência de quem já fez o manejo em mais de 2 000 capivaras, e nunca se contaminou, ela diz que as únicas formas de uma pessoa ser contaminada é ter contato próximo com o animal ou estar na grama. “E isso só se a grama estiver alta e não aparada. No caso da parte cimentada da ciclovia dificilmente seria alvo de carrapatos, pois eles não resistem ao calor”, afirma.

Isso não significa que as pessoas estão liberadas para dar uma de Felícia (a personagem da Looney Tunes que demonstrava carinho excessivo por alguns bichinhos sufocando-os). Capivaras são animais silvestres. Embora fiquem 70% do tempo às margens dos rios, nos 30% do tempo que estão fora procurando alimentos, é melhor não as incomodar. Sobretudo se elas estiverem com filhotes por perto. “Os carrapatos podem ficar coçando muito e passarem outras doenças”, afirma Aidar.

Alerta

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Na tarde desta quarta-feira (14) a Secretaria de Estado da Saúde emitiu um alerta para as pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida, na região de Campinas, entre os dias 27 de maio e 11 de junho. Segundo a pasta, se alguém sentir febre, dores no corpo e na cabeça e manchas avermelhadas deve procurar atendimento médico imediatamente. O dado que mais preocupa é que dos 12 casos confirmados da doença neste ano, três foram de pessoas que estavam na festa.

As mortes confirmadas até agora pela doença são do empresário e piloto Douglas Costa, 42, a dentista e namorada dele Mariana Giordano, 36, e Evelyn Santos, também dentista, 28. Uma quarta pessoa que estava na festa prestando serviços também morreu, mas os exames ainda não foram revelados para saber se o motivo também foi por febre maculosa.

Febre amarela

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Um dos grandes receios de quem trabalha na área é o de que as pessoas se voltem contra os hospedeiros, no caso as capivaras, e promovam agressões contra os animais. Foi o que aconteceu entre 2017 e 2018, quando vários macacos foram mortos por pessoas achando que eles estavam contaminados com os vírus da febre amarela. Porém, diferentemente do que ocorre com as capivaras, que, mesmo sendo hospedeiras dos carrapatos não sofrem os efeitos da contaminação, os macacos eram tão vítimas da febre amarela quanto os humanos.

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