Praça Princesa Isabel pode ser cercada após avanço de projeto na Câmara
Proposta apresentada por Fábio Riva (PSDB) prevê instalação de grades e, com isso, restrição de acesso
A estátua de bronze de Duque de Caxias montado em um cavalo, de Victor Brecheret, inaugurada em 1960 na Praça Princesa Isabel, poderá ganhar grades em breve. Na última terça- feira (7), vereadores da capital aprovaram, em primeira discussão, que a praça se torne um parque.
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Se o projeto for aprovado em segunda votação, o que pode acontecer ainda neste mês de junho, todos os 16 600 metros quadrados da praça devem ser cercados e haverá controle de acesso, o que nunca ocorreu desde 19 de dezembro de 1921, quando ela foi criada, cinco dias após a morte da princesa da qual empresta o nome.
O texto teve tramitação rápida. Apresentado no início de maio deste ano pelo vereador Fábio Riva (PSDB), líder do governo, em meio às várias operações para dispersar os dependentes químicos da Cracolândia, ele já foi avaliado pelas comissões da Casa, passou por audiências públicas e tudo indica que logo será sancionado pelo prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Mesmo assim, Riva nega que haja relação. “É uma demanda antiga dos moradores, ainda de 2019. Só não avançou em 2020 devido à pandemia”, diz.
Há quem não acredite muito nisso, como é o caso da vereadora Luana Alves (PSOL), integrante da oposição. “É uma solução simplista e higienista para um problema complexo. Eles sabem que não podem cercar uma praça, o que é possível com um parque”, afirma. Ela nega ser contrária à criação de um espaço de lazer, mas afirma existir outras opções de melhorias.
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Para Riva, a criação do parque permitirá cuidar melhor da vegetação, que é considerada patrimônio ambiental. Ele diz que a população decidirá o que deve ou não ser instalado no espaço e que a região não conta com nenhuma praça próxima.
Um abaixo-assinado com mais de 1 000 assinaturas foi anexado ao projeto. Quem angariou parte delas foi Iézio Silva, 62 anos, da Associação Pro Campos Elísios Melhor. “É algo que não será destinado apenas aos moradores daqui”, argumenta.
Para o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, o fechamento do local contraria a razão de ser de uma praça, que pressupõe um espaço aberto, de convivência e de fácil acesso.
A Princesa Isabel já teve ares de parque, mesmo sem grades. Foi em 2018, quando recebeu área de piquenique, aparelhos de ginástica, playground e outros equipamentos, tudo degradado seis meses depois.
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Publicado em VEJA São Paulo de 15 de junho de 2022, edição nº 2793