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“O que o senhor considera mansões?”, questiona Covas a Boulos

A pedido da Vejinha, candidato do PSDB fez cinco perguntas duras ao adversário, que respondeu sobre aumento de impostos, movimentos sociais e privatizações

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 nov 2020, 12h37 - Publicado em 27 nov 2020, 12h22

A pedido de VEJA SÃO PAULO, o candidato à prefeitura Bruno Covas (PSDB) fez cinco perguntas duras e bem específicas sobre a cidade de São Paulo ao seu adversário Guilherme Boulos (PSOL). Boulos também perguntou a Covas e a Vejinha ainda fez mais dois questionamentos para cada candidato.

Seu programa prevê aumento de impostos, tanto de ISS quanto de IPTU. No caso do ISS, um efeito possível, dada a disputa fiscal existente entre municípios, é que prestadores de serviço transfiram sua sede da capital para outras cidades. Como lidaria com essa possível perda de receita? No caso do IPTU, o que o senhor considera “mansões”, que seriam mais tributadas conforme escrito em seu programa de governo?

A pergunta parte de uma premissa equivocada. Nosso programa prevê apenas o aumento do ISS dos bancos — e não de prestadores de serviço, ou seja, não há nenhum motivo para que eles saiam da cidade. Pelo contrário: nosso programa econômico implementará mecanismos para aumentar a demanda, como a Renda Solidária, o que ajudará na retomada econômica no pós-pandemia, beneficiando inclusive o setor de serviços. Mansões, para nós, são megamansões como a do governador João Doria. Esse reajuste de alíquota segue o princípio de progressividade do IPTU já previsto na legislação municipal e terá um efeito pedagógico, de justiça social.

O programa de governo propõe “garantir o cumprimento da função social da propriedade nos imóveis ociosos”. Quantos imóveis nessas condições o seu governo pretende desapropriar?

Segundo dados da gestão Covas, existem 2 824 imóveis com indícios de ociosidade na cidade. Esse número, porém, tem grandes chances de estar subdimensionado pela própria falta de vontade política do PSDB em enfrentar a especulação imobiliária, já que Covas tem sua campanha financiada pelo setor. Nós faremos um mapeamento detalhado a partir de 1º de janeiro de 2021 para verificar a quantidade real de imóveis ociosos em toda a cidade.

Movimentos reivindicatórios às vezes fazem uso de atos violentos para se fazer ouvir. Como o senhor atuaria, sendo prefeito, em caso de acontecer, por exemplo, a invasão de um prédio que estivesse pronto para ser habitado e prejudicasse as famílias que estavam aguardando na fila por aquelas moradias?

A criminalização dos movimentos sociais promovida pelo PSDB não resolve o problema da desigualdade social. Esses atos poderiam ser evitados com diálogo, já que são fruto do desespero de setores sociais que não são escutados e recorrem a esse tipo de manifestação como último recurso para ser ouvidos. Nossa prefeitura governará junto com o povo, num processo de diálogo permanente com conselhos populares nas subprefeituras e no orçamento participativo, ouvindo as reivindicações de todos os movimentos sociais e buscando atender às demandas que expressam diferentes carências da cidade.

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Fizemos a reforma administrativa, enxugamos a máquina, cortamos 6 800 cargos, privatizamos e fizemos concessões de vários equipamentos para economizar recursos da sociedade. O senhor pretende criar alguma estatal ou autarquia nova? Extinguiria alguma existente?

Nós pretendemos fazer concursos e valorizar a gestão direta e o serviço público, começando pela contratação de 500 novos médicos para atuar na periferia já no ano que vem. A gestão Covas vai terminar 2020 com 19 bilhões de reais em caixa, parados, no meio de uma pandemia. Esses recursos têm de ser utilizados em benefício da população, e o governo existe para governar, não para se omitir e terceirizar responsabilidades. Como explicar, por exemplo, que depois de gastar quase 100 milhões de reais na reforma do Vale do Anhangabaú, a prefeitura tenha concedido o espaço por apenas 6 milhões de reais à iniciativa privada?

Cerca de metade dos paulistanos tem pets. O cuidado com animais de estimação é uma demanda legítima que a sociedade colocou ao poder público e, por isso, foi absorvida pelos mais diversos governos. Abrimos o terceiro hospital veterinário da cidade, gerido por uma organização social, e na próxima gestão faremos mais um. Por que seu programa não propõe nada para atendimento veterinário na cidade?

Temos compromisso com a ampliação da rede pública de atendimento veterinário. Também vamos investir em programas de conscientização sobre bem-estar animal, com promoção de campanhas de castração de animais domésticos e de rua, além de vacinação, incentivando as adoções conscientes. Além disso, vamos criar um programa de animais domésticos que vivem em situação de rua. Toda essa política será construída com participação popular e em diálogo com entidades de proteção dos animais.

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Como explicar, por exemplo, que depois de gastar quase 100 milhões de reais na reforma do Vale do Anhangabaú, a prefeitura tenha concedido o espaço por apenas 6 milhões de reais à iniciativa privada?

Boulos

Guilherme Boulos
(CNN Brasil/Kelly Queiroz/Divulgação)

Vejinha pergunta

Boulos, o PT e o MTST participarão da sua gestão? Se sim, de que forma? Integrantes do partido e do movimento teriam quais espaços no seu mandato?

Nenhum prefeito governa sozinho. Nossa gestão será uma gestão plural, com a participação de todos os partidos que tenham compromisso com o nosso programa. Já o MTST é um movimento social e, como tal, seguirá autônomo e independente, como sempre foi, na luta pelo cumprimento da lei e da garantia do direito à moradia previsto pela Constituição. O que não aceitaremos é o toma lá dá cá para governar, com o aparelhamento das subprefeituras, que na gestão do PSDB viraram cabide de emprego, com subprefeitos que nem conhecem os bairros onde atuam.

O que o seu governo faria do atual plano de desestatização? Pretende rever a concessão do Pacaembu e da Zona Azul? E os outras? Se sim, de que forma?

Nossa gestão irá valorizar a gestão direta. Ao mesmo tempo, vamos respeitar os contratos já firmados. O que não faremos, porém, é vista grossa a irregularidades que lesem a população e os cofres públicos.

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Publicado em VEJA São Paulo de 02 de dezembro de 2020, edição nº 2715

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