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Padre Júlio Lancellotti quebra pedras sob viaduto a marretadas

Religioso classificou instalação de concreto para expulsar moradores de rua como obra higienista, desumana, hostil e cruel

Por Vinicius Tamamoto
Atualizado em 2 fev 2021, 12h31 - Publicado em 2 fev 2021, 12h30

Na manhã desta terça-feira (2), o padre Júlio Lancellotti foi até o viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, na avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, Zona Leste da cidade. Em um ato simbólico, ele quebrou as pedras instaladas no local pela prefeitura com uma marreta. 

“Foi um gesto de indignação”, disse uma das vozes mais ativas no trabalho com a população de rua de São Paulo. Segundo o pároco, há no local duas escavadeiras, cinco caminhões, duas vans com técnicos e mais de trinta trabalhadores retirando os pedregulhos. “Eu vejo isso como uma improbidade administrativa, porque há um custo para colocar o concreto e para retirar”, afirmou à Vejinha.

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As obras para fixar as pedras no chão foram finalizadas na última quinta-feira (31) por uma empresa contratada pela prefeitura. “A gente faz porque é obrigado, mas até aperta o coração tirar o teto de quem já mora na rua”, disse um dos trabalhadores em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

A administração municipal disse que foi pega de surpresa e afirmou não ter conhecimento da obra. Segundo ela, uma sindicância foi aberta para apurar os fatos e o servidor responsável pela ação foi exonerado do cargo. Ele não teve o nome nem o cargo divulgados. O concreto começou a ser retirado.

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O religioso diz que ficou durante toda a manhã no viaduto. “Eles [a prefeitura] estão incomodados porque há gente capturando imagens da ação, então mandaram tirar as escavadeiras rapidamente”, relata o padre Júlio.

“Uma cidade que tem tanta demanda, áreas de risco, córregos abertos, falta de moradia, uma série de coisas, gastar tempo e dinheiro nisso? Fazer uma obra higienista, desumana e hostil? É cruel”, criticou.

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