Nara Almeida terá sua primeira ceia de Natal com os irmãos
Após quimioterapia, ela recebeu autorização dos médicos para comer
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Atualizado em 23 dez 2017, 12h01 - Publicado em 23 dez 2017, 11h59
Nara Almeida sentia-se aflita. Deitou-se com a sua mãe, Eva Maria, no meio da tarde de quarta (20) para ver se pegava no sono. A dor na região abdominal estava forte, mesmo tendo recebido morfina. Não conseguiu dormir. Ela teve a ideia de tomar um banho para ver se a angústia passava. Tirou a roupa e sentou-se em um banco de plástico para receber os cuidados de sua mãe. “A indisposição era enorme, minha filha não tinha forças para andar”, diz Eva. Após o banho, Nara tomou um comprimido do antidepressivo Diazepan e foi novamente para a cama. Vinte minutos depois, sentiu enjoo e não tempo de ir ao banheiro.
+ A luta de Nara Almeida comove as redes sociais
A crise de vômito, comum em muitos pacientes que fazem tratamentos com quimioterapia, fez a sonda do nariz se soltar. A garota ficou desesperada. Ela precisa do dispositivo para receber um complexo hipercalórico. Ela e a mãe pegaram um táxi rumo ao pronto-socorro do Instituto do Câncer, na Avenida Doutor Arnaldo, localizado a menos de 1 quilômetro do apartamento onde vive, em Pinheiros.
Nara tomou soro, morfina e teve sua sonda trocada. Conseguiu cair no sono. Acordou na manhã de quinta, 21, mais disposta. Mal sabia que receberia uma notícia capaz de deixá-la radiante de alegria: os médicos permitiram que voltasse a comer. Após duas sessões de quimioterapia, foi constatado que seu organismo conseguiria ingerir alimentos ralos. Nas últimas semanas, mesmo um copo de água lhe causava ânsia.
A modelo e influenciadora recebeu alta e foi para a casa, por volta do meio-dia. Enquanto sua mãe preparava o almoço na cozinha, ficou na sala vendo TV. Assistiu parte do desenho animado A Bailaria e depois engatou o primeiro episódio de Friends, aquele em que a personagem Rachel (Jennifer Aniston) aparece vestida de noiva fugida de seu casamento.
Carne moída com batata e irmãos
O cheiro de tempero vindo da cozinha já invadia a sala quando o cardápio foi anunciado: carne moída com batata. Aquela foi a primeira vez que Nara provaria a comida de sua mãe. Nara foi criada pelos avós maternos e ficou 22 anos sem ver a mãe. As duas se reencontraram em setembro. “O câncer faz a gente valorizar coisas muitos simples, como dar uma colherada de comida”, diz a menina. “Um copo de água gelada tem um prazer indescritível.”
Nara entre os irmãos, Beatriz e Douglas: primeira vez que se conheceramA questão alimentar é apenas um dos grandes momentos desfrutados nesta época do Natal. Na noite de sexta (22), ela recebeu visitas especiais em seu apartamento. Beatriz, 18 anos, e Douglas, 11, seus irmãos do segundo casamento de sua mãe, chegaram de Roraima. Os irmãos não se conheciam pessoalmente. “Nosso contato se dava apenas por WhatsApp e redes sociais”, lembra. “Esse foi meu maior presente de Natal.” Eles vieram acompanhados do pai. Todos ficam em São Paulo até o dia 27 de dezembro.
A comoção nas redes sociais, que mobiliza seguidores, artistas e imprensa, em torno do tratamento de Nara tem proporcionado algumas oportunidades. As passagens de seus parantes foram pagas por uma marca de roupa. Uma outra seguidora mandou um iPhone X para ela usar. Isso fora os eventos realizados para arrecadar fundos. A cerimonialista Liliane Pessoa vai organizar uma mesa-redonda sobe decoração de festas em São Bernardo do Campo, no dia 22 de janeiro, com verba revertida para o tratamento de Nara. A entrada custa 120 reais. “Ei fiquei muito tocada em ver a histórica da Nara, quis ajudar de alguma forma”, conta Liliane.
Radioterapia e Anitta
Diagnosticada com câncer no estômago, com metástase no peritônio e pâncreas, Nara deve fazer mais uma sessão de quimioterapia no dia 8 de janeiro. Os médicos, então, farão novos exames para ver como a doença reagiu ao coquetel de drogas. Existe uma chance de que ela precisa realizar radioterapia para debelar as fortes e crescentes dores na região da barriga. O cabelo de Nara caiu bastante, mas não a ponto de precisar usar peruca.
Os sintomas de pressão são um grande obstáculo nessa fase do tratamento. Muitas vezes, ela prefere ficar o dia todo na cama. Mesmo as redes sociais, sua principal companhia desde que recebeu o diagnóstico, têm sido deixadas de lado. Nara tem passado alguns das sem postar nada. “Ver a minha família e voltar a comer vão me dar mais ânimo, eu não tenho dúvidas de que vou me curar.”
O ombro e as risadas dos amigos também tentam amenizar os efeitos colaterais do tratamento. A goiana Ketrin Esteves Alves, de 18 anos, tirou férias de seu trabalho para passar as festas de fim de ano com Nara. Jordânia de Araújo Lopes, de 24, tem dormido com frequência no apartamento de Pinheiros. Outra figura constante é o maranhense Gabriel de Jesus Lima. Eles passam horam vendo clipes de cantores como Anitta, Iza e Pabllo Vittar. “Daqui seis meses, já curada, vamos marcar de irmos todos juntos para uma balada.” Para a ceia de Natal, o apartamento estará cheio de amigos e e parentes. A sogra, Roseli, fará toda a comida.
O namorado, Pedro, terá recesso de fim de ano de seu trabalho e poderá ficar 24 horas por dia com Nara. Eva, a mãe da menina, volta para Roraima no dia 27 de dezembro e retorna para São Paulo no dia 7 de janeiro, um dia antes da terceira sessão de quimioterapia. “Deus está me dando uma segunda chance de ser mãe.”
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