Não tem como não se comover. A modelo e influenciadora digital Nara Almeida, 24 anos, tem usado seu perfil no Instagram, com 1,6 milhões de seguidores, para contar sobre sua batalha contra um câncer no estômago diagnosticado em setembro. Ela chegou a realizar três sessões de quimioterapia. O tratamento, porém, precisou ser interrompido devido a uma hemorragia nas paredes do órgão. Ela ficou oito dias internada no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), onde uma série de exames registrou um avanço da doença: o tumor no estômago se alastrou para o pâncreas e o peritônio. “O médico me falou: ‘seu caso é uma metástase’.” Nara tem agendada uma nova consulta na quarta (22). Hoje, ela se alimenta por meio de uma sonda.

Uma cânula fica 24 horas por dia em sua narina – dentro do organismo ela se divide em três saídas, duas no estômago e outra no intestino. “A sonda serve para eu me alimentar”, conta. “E para tirar os resíduos que não são absorvidos.” A máquina injeta dentro do organismo um hipercalórico chamado Perative. O corpo dela consome cinco latas de 130 gramas do produto por dia. “Só posso comer substâncias líquidas, como sorvete e iogurte”, explica, apontando para o frigobar localizado dentro de seu quarto, no apartamento onde vive em Pinheiros. “Por ser mais espessa, nem mesmo sopa posso ingerir.” Ela se emociona ao lembrar de seu maior sonho no momento. “Essa noite eu sonhei que comia um prato de feijão, arroz e ovo frito.”

Nara vive na companhia do namorado, Pedro Rocha, 25 anos, engenheiro civil. Eles se conheceram em agosto em uma balada – época em que ela se tratava de uma úlcera (mas, na verdade, já era câncer). “Minha mãe fica em casa durante a semana, nunca a deixamos sozinha”, conta o rapaz. A garota não tem plano de saúde, então todo o tratamento tem sido pelo SUS. Há dez dias, ela lançou uma linha de camiseta com a frase “Hope”, que vendeu 100 peças em menos de 24 horas. Algumas seguidoras mandaram presentes. Uma enviou um quadro com a frase “Don’t Forget to Smile” (não esqueça de sorrir), outra deu um buldogue francês que chegou ao apartamento há três dias. Foi batizado de Lili Hope – Nara vem de Elianara. Em Imperatriz, sua cidade-natal no Maranhão, seu apelido de infância era “Lili”.

Nos últimos dois meses, a garota passou de 55 para 40 quilos. O corpo magro exibido nas redes sociais rendeu elogios de algumas seguidoras – o que ela rechaça. “Eu daria tudo para comer um prato de comida. Estou magra, no meu caso, mas isso não significa ter saúde. Estou com uma metástase dentro de mim.” A constante dor na região do estômago aliada à falta de alimentação convencional a deixa fraca e sonolenta. Sua mãe – que conheceu em setembro deste ano; ela havia deixado a menina para ser cuidada pelos avós maternos logo após o parto – virá para São Paulo em duas semanas para ficar ao seu lado. “Rezo Pai Nosso e Ave Maria no banho e antes de dormir. Tenho esperanças de que irei me curar.”

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