Mais de um mês após internautas denunciarem o “golpe da fruta” no Mercado Municipal de São Paulo, o Procon voltou novamente ao local e constatou novas irregularidades por parte dos lojistas.
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Nesta nova fiscalização, realizada nesta quarta-feira (23), 46 locais foram vistoriados e 18 deles foram autuados. Entre as irregularidades averiguadas, os estabelecimentos não informavam corretamente o preço dos produtos, estavam sem a indicação da data de validade ou mencionavam o preço por grama e não por quilo. Outra desconformidade era a de que não havia dados sobre a existência ou não de glúten.
“A administração da concessionária do Mercado Municipal está se omitindo. Ela precisa fechar os estabelecimentos e agir com mais energia para evitar que esses golpes sejam aplicados”, informou em nota o diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez.
Ele disse ainda que o órgão fará visitas surpresas e as blitzes serão constantes no local.
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A concessionária informou em nota que o Procon não informou à administração em quais boxes teriam sido constatadas irregularidades e quais seriam essas.
“Ressalte-se que, em relação à operação realizada no último dia 17/02/2021, a Mercado SP solicitou formalmente ao órgão as mesmas informações, ou seja, quais foram os boxes autuados e os motivos dessas autuações, não tendo ainda recebido as informações solicitadas”, diz trecho da nota.
A concessionária informa ainda que desde que assumiu o espaço, em setembro de 2021, realiza fiscalizações e orientação. “Bem como aplica advertências e multas aos lojistas infratores, estando providenciando, neste momento, ações judiciais para rescisão de contratos de lojistas infratores e recalcitrantes”, diz.
A empresa diz ainda que o fato de o Procon-SP não ter flagrado o “golpe da fruta” corrobora que as medidas tomadas vem surtindo efeito.
“Como já salientamos, como a Mercado SP não tem poder de polícia, enquanto administradora do Mercado, contamos com a colaboração de todos, que podem e devem nos informar sobre qualquer tipo de irregularidade, constrangimento ou desrespeito, através do nosso pessoal, presencialmente no Mercadão e também pelo nosso serviço de atendimento ao usuário”, diz.
Os canais disponibilizados pela concessionária são os seguintes: o e-mail sac@mercadospspe.com.br e via redes sociais @nossomercadao.
“Desta forma, assim que formos informados, pelo Procon-SP, do resultado das duas fiscalizações realizadas, tomaremos as providências cabíveis, e previstas em contrato, em face dos infratores”, informa.
Primeiras denúncias
O “golpe da fruta” foi como ficou conhecida a prática irregular por parte de alguns vendedores de oferecerem o produto por um preço e cobrarem outro (bem superior), após a pesagem. Em um dos exemplos, uma laranja com acerola foi ofertada por 40 reais o quilo, porém, após a pesagem, o mesmo vendedor cobrou 190 reais do cliente.
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Um perfil no Instagram denominado @golpe_do_mercadao_sp foi criado e reúne dezenas de depoimentos de vítimas, segundo revelou reportagem da Vejinha no dia 12 de fevereiro último. Atualmente ele já conta com mais de 16 mil seguidores.
Cinco dias após a divulgação das denúncias, no dia 17 de fevereiro, o Procon-SP multou 11 bancas das 17 visitadas. Segundo informações do órgão fiscalizador, foram identificados produtos com a validade vencida, porém, o “golpe da fruta” não foi flagrado.
Novas denúncias davam conta que a mortadela usada nos lanches –um dos ícones do local ao lado do pastel de bacalhau– era de uma marca inferior ao anunciado.
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Em entrevista à VEJA São Paulo publicada após as primeiras denúncias, no dia 24 de fevereiro, o diretor-presidente da concessionária que administra o local (a Mercado SP SPE), o paulistano Alexandre Germano, 46, havia afirmado que o “golpe da fruta” havia acabado.