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“Japonês da Federal” agora dá palestras motivacionais

Newton Ishii se dedica a essas atividades desde que se aposentou da PF

Por Ricardo Chapola
Atualizado em 14 fev 2020, 15h52 - Publicado em 29 out 2019, 17h38
japones da federal
Newton Ishii, o "Japonês da Federal" (Reprodução/TV Globo/Divulgação)
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Depois de ficar famoso durante a Operação Lava Jato, ter virado tema de marchinha de Carnaval e até acabar preso, o agente aposentado da Polícia Federal Newton Ishii, conhecido como “Japonês da Federal”, agora está dando palestras motivacionais.

A próxima delas ocorreria no Teatro Municipal Pedro Paulo Teixeira Pinto, em Ubatuba, no litoral paulista. Prevista para 14 de outubro, a apresentação, cujo tema era “Os bastidores da Lava Jato”, precisou ser cancelada por conta de imprevistos na agenda de Ishii. “Ainda não há uma nova data”, afirma Rick Amaral, diretor do teatro.

A entrada para a atração, segundo a direção do endereço, seria gratuita. Quem acertou o evento com Ishii foi a prefeitura de Ubatuba, que afirma não ter desembolsado nada ao ex-agente da PF.

Em uma nota divulgada em 11 de outubro para comunicar o cancelamento do evento, a prefeitura disse que Ishii falaria ainda das consequências da Lava Jato para o país. Informou também que o ex-agente presta consultoria na Lei de Compliance desde 2017 e ainda ministra palestras motivacionais. As credenciais continuam: o texto classificou-o ainda como escritor e graduado em direito. Em junho de 2018, ele lançou seu primeiro livro, O Carcereiro: o Japonês da Federal e os presos da Lava Jato.

No panfleto de divulgação do evento, Ishii aparece em uma foto usando terno, gravata e óculos escuro, ao lado do texto: “Palestras motivacionais na sua empresa”. Mais embaixo, ele é apresentado como consultor, palestrante e escritor.

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Procurado pela Vejinha, Ishii disse que estava em viagem e não poderia falar. Em seguida, enviou uma figurinha no WhatsApp, com a imagem dele mesmo usando chapéu panamá e fazendo “joinha”. “Foi minha neta que vez para mim”, escreveu. Em seguida, mandou o contato de sua assessora de imprensa e outra figurinha – desta vez, dele vestindo o uniforme da PF.

A assessoria informou que ele dá palestras desde que se aposentou, em 2018. Ainda de acordo com a assessoria, o “Japonês da Federal” realiza eventos muitas vezes sem cobrar nada por eles. De acordo com reportagem publicada por VEJA, uma hora de palestra de Ishii pode custar até 20 000 reais.

Ele começou a exercer essa atividade por receber convites desde que se desligou da PF. “Os convites partem de alunos de faculdades, associações comerciais, entes filantrópicos”, explica. Até o fim do ano, não há mais nenhuma palestra programada.

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Panfleto
Newton Ishii se apresenta como consultor, palestrante e escritor (Divulgação/Veja SP)

Histórico de fama

Ishii se aposentou da Polícia Federal em fevereiro de 2018, após 43 anos de serviços prestados à corporação. Ele ganhou popularidade ao longo da Lava Jato, por escoltar personagens notórios. Além do empresário Marcelo Odebrecht, Ishii acompanhou a detenção do ex-deputado Pedro Corrêa e do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Todos eles foram parar na cadeia de Curitiba por suspeitas de envolvimento no esquema de desvios de dinheiro público da Petrobras, desbaratado pela Lava Jato.

Por aparecer várias vezes em fotos nos momentos de prisão dessas autoridades, o “Japonês da Federal” virou sinônimo de Lava Jato na boca do povo. Não demorou, por isso, para inspirar até mesmo marchas de Carnaval em 2016. “Ai, meu Deus, me dei mal, bateu na minha porta o Japonês da Federal”, diz a canção. Na festa daquele ano, era comum encontrar também foliões fantasiados com máscaras que simulavam seu rosto.

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O “Japonês da Federal” também chegou a ser preso em 2016. Ele foi para cadeia durante uma operação da própria polícia que investigava um esquema formado por agentes da PF e da Receita que facilitava o contrabando de produtos ilegais na fronteira com Paraguai. Foi liberado poucos dias depois para cumprir a pena de quatro anos e seis meses por descaminho e corrupção em regime aberto, com uso de tornozeleira eletrônica. Após a aposentadoria, chegou a dirigir o diretório estadual do antigo PEN no Paraná.

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