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Botecos japoneses viram moda na cidade

Conhecidos como izakayas, bares reúnem boa oferta de saquês e shochus e saborosos petiscos típicos

Por Sophia Braun
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h51 - Publicado em 21 set 2011, 18h00
Degustação de saquês, no Itigo Sake House
Saquê: opção mais light na hora de beber (Foto: Wellington Nemeth/Divulgação) (Wellington Nemeth/Divulgação)
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De alguns anos para cá, os izakayas — que podem ser entendidos como pubs japoneses — extrapolaram o perímetro da Liberdade e caíram no gosto dos paulistanos. Misto de bar e restaurante, são tradicionalmente empreendimentos familiares, com poucas mesas e um grande e disputado balcão. O menu reúne na mesma medida bebidas alcoólicas e pratos típicos, servidos em pequenas porções. Mas, ao contrário do que muitos possam pensar, sushis e sashimis não têm vez nesses botecos orientais.

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A origem dos izakayas é secular e refere-se à ideia de ‘estar na loja de saquê’ — em japonês, a palavra saquê significa bebida com mais de 1% de álcool. O especialista Alexandre Tatsuya Iida explica que tudo começou quando os donos desses estabelecimentos (sakayas) passaram a oferecer doses dos rótulos aos clientes para que eles soubessem o que estavam comprando. “O próximo passo foi servir pequenos beliscos para acompanhar as degustações. Com o tempo, os balcões ganharam bancos e as comidinhas foram incrementadas”, explica Iida, que também é dono da Adega de Sake. Esses bares logo se tornaram redutos da happy hour no outro lado do mundo. “A hora do rush no Japão costuma ser muito complicada. Então, antes de voltar para casa no fim do dia, muita gente vai tomar alguma coisa e comer um petisco leve”, diz Ana Toshimi Kanamura, proprietária do Itigo Sake House, nos Jardins.

Um dos primeiros a arriscar o modelo fora do eixo nikkei da cidade, o bar teve de enfrentar uma forte resistência do público não-descendente. “Quando abrimos, no ano passado, as pessoas não entenderam a proposta da casa. Todo dia alguém levantava da mesa indignado com o fato de não servirmos sushis”, conta Ana. “Nosso objetivo é apresentar a culinária japonesa de fato, que vai muito além do peixe cru sobre um bolinho de arroz, e abrir a cabeça do brasileiro para algo com que ele [ainda] não está acostumado.” A estratégia adotada foi propor releituras de pratos clássicos, a exemplo do karaage, tipo de frango à passarinho marinado em shoyu e gergelim.

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O tradicionalíssimo Izakaya Issa, este sim na Liberdade, é o precursor da onda. Apesar de sempre ter havido izakayas no bairro, a casa ganhou projeção extramuros e contribuiu para difundir o modelo. A esposa do chef Masanobu Haraguchi (ex-Myabi) é quem toca o negócio. Há cerca de dois anos, Dona Margarida comprou o ponto na Rua Barão de Iguape (o local já se chamava Issa à época) e transformou um decadente restaurante japonês em um bom negócio. “Fiz uma grande reforma e, no lugar do sushibar, coloquei um balcão com diversos rótulos de saquê [fermentado de arroz] e shochu [destilado] atrás”, recorda a proprietária, que hoje coordena uma equipe de sete funcionários. Além da farta oferta etílica, há elogiados pratos típicos. “Mesmo para aqueles que só vêm para beber, nós sempre servimos um petisco de cortesia, como uma porção de nabo desidratado ou shimeji.”

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