Grupo realiza sessões de hipnose no vão do Masp, na Avenida Paulista
Curso de 4500 reais leva alunos à rua para que treinem com pedestres interessados em experimentar a prática
“Você nasceu em um domingo”, cravou Alberto Dell’Isola, segundos depois de eu ter respondido qual era a data do meu nascimento. Campeão brasileiro e latino-americano de memória, o professor de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é considerado o maior especialista do país na área de treinamentos de memorização, concentração e mentalismo.
Autor dos livros Mentes Brilhantes e Mentes Geniais, ele é capaz de dizer, prontamente, que dia da semana foi 7 de fevereiro de 1812 (uma sexta-feira) ou qualquer outra data dos calendários gregoriano ou juliano, do século 1 ao século 30. Além disso, traz o recorde sul-americano de memorização de cartas de baralho – 289 em uma hora – e é capaz de repetir o texto completo de uma revista de 128 páginas.
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Hoje, entretanto, Dell’Isola se dedica a uma atividade incomum. Mestre do curso street hypinosis, do Instituto Elsever, ele se diz não só capaz de hipnotizar as pessoas, mas também de ensinar a qualquer um como realizar a prática. Segundo ele, o contato com o processo veio ao conhecer o hipnólogo Fábio Puentes na TV e ao aprender a hipnose ericksoniana na faculdade. Após realizar o curso de Puentes e de outros profissionais da área, em Las Vegas, o professor se especializou em hipnose de rua. Para ele, quem consegue realizar a prática no meio do caos do ambiente externo, é capaz de hipnotizar em qualquer lugar.
Na última semana, ele lecionou para uma turma de mais de trinta pessoas, em um módulo de um curso que durou de segunda a sábado, das 10h às 18h. Crente na prática, a turma presta a máxima atenção aos ensinamentos de Dell’Isola: primeiro em uma sala de aula, depois ao ar livre. “A gente tem que parar com essa questão mística envolvendo hipnose”, pede o psicólogo enquanto explica termos como hiperventilação e autohipnose. Segundo ele, a prática é puramente fisiológica, em um ciclo que tenta induzir uma experiência na imaginação para que a pessoa acredite em uma nova realidade. “Tudo é feito por meio do inconsciente”, completa.
Após a parte teórica, a classe se divide em grupos pela Avenida Paulista para cumprir o desafio de hipnotizar as pessoas na rua. O grupo que segue para o Masp posiciona uma placa em que se lê “hipnose grátis – experimente agora!”, para atrair os curiosos. Em poucos segundos, os alunos ficam ocupados com os transeuntes que resolvem experimentar. Nem a chuva da sexta-feira (6) diminuiu o público, que resolveu se abrigar no vão do museu.
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A estudante Stefany Ferraz foi uma das que resolveu experimentar a aventura. Segundo a adolescente, um dos hipnólogos acertou a música que ela estava pensando. “Ele me pediu pra pensar em uma música e escolhi Velha Infância [do grupo Tribalistas]. Achei bizarro quando ele acertou”, conta.
Profissionais de diversas áreas apostam nas técnicas da hipnose para favorecer a vida profissional. Ricardo R.R.T. é diretor de uma consultoria em segurança da informação e afirma que quis fazer o curso por curiosidade, para aplicar a influência que aprendeu nas aulas em seus relacionamentos de trabalho. Já Lionice Greco, psicóloga, conta que trabalha com vários níveis de relaxamento. Afirma que o curso complementa suas técnicas na clínica. “O relaxamento é importante para ajudar o paciente a vencer um trauma, um bloqueio”, explica.
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As próximas aulas deverão rolar em abril. Para quem quiser investir no curso de uma semana, o valor total é de 4500 reais ou 2700 reais para inscrições com antecedência.