Os favoritos dos gringos em São Paulo
Veja os programas mais populares entre os estrangeiros que vivem na cidade
São Paulo é cada dia mais uma terra de todos os povos. De 2008 para 2011, o número de autorizações de trabalho de estrangeiros cresceu 51,21%. Do total de vistos permanentes concedidos no ano passado, 46,69% eram para o Estado de São Paulo. O resultado são diferentes sotaques e línguas espalhadas pelos bares, baladas e restaurantes da capital.
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A cena cultural ativa é um dos aspectos mais admirados pelos estrangeiros. O fotógrafo e artista plástico francês Frederic Thipagne, 28 anos, contrasta a situação brasileira com a de seu país: “Hoje em dia, criar projetos culturais se tornou complicado na França, devido aos problemas ligados à crise europeia. Infelizmente, a cultura fica em segundo plano”. Para ele, a situação econômica favorável do Brasil atrai a atenção mundial. “Mais pessoas vêm aqui para viver e construir projetos, não apenas pelas praias e pelo samba, embora esses com certeza sejam ótimos aspectos brasileiros.”
Encantamentos à parte, problemas urbanos como a questão do transporte não passam em branco. “Moro no Butantã, longe do metrô, e adoraria subir até a Paulista com maior frequência. Não consigo por culpa do trânsito”, critica o espanhol Tony Gálvez, 44 anos, que mora na cidade há treze anos.
Quem vem viver em São Paulo quer mesmo é se misturar. “Não vou tanto aos lugares frequentados por estrangeiros, prefiro sair com brasileiros. Vim para conhecer a cultura brasileira e isso é passado por meio do contato com o pessoal daqui”, afirma a francesa Annabel Polly, 20 anos, que, desde julho do ano passado, faz intercâmbio na USP e vive em uma república com outros brasileiros.
A norte-americana Phuong-Cac Nguyen, 34 anos, editora do “Total São Paulo Guide”, concorda: “A cidade é super feia, mas as pessoas são incríveis. Há muitas coisas escondidas que dão mais charme para São Paulo”. Christian Rust, intercambista alemão de 24 anos, aponta o O’Malley’s como um dos maiores redutos de estrangeiros na capital. “Vou lá para assistir aos jogos de futebol importantes da Europa. Mas estou mais interessado em encontrar brasileiros do que estrangeiros.”
Para criar um roteiro de gringos em São Paulo, pedimos ao oito entrevistados que revelassem seus programas favoritos na capital. escolheram na cidade.
Confira, abaixo, os cinco passeios indicados por eles:
1. Sesc
Campeão de popularidade entre os estrangeiros, a rede foi mencionada por quase todos. Não poderia ser diferente: com 14 unidades espalhadas pela cidade e uma oferta constante de programas culturais de qualidade a preços acessíveis, o Sesc já é considerado referência mundial em produção cultural.
“Acho fantástica a ideia e o funcionamento dos Sescs. Daria para um cidadão se nutrir culturalmente só com eles”, afirma Leonardo Bella, argentino de 39 anos que vive em São Paulo há treze. “Não tem nada parecido lá na minha terra, assim como não tem farofa e outras coisas boas”, brinca.
Thiphagne destaca a variedade da programação. “Você encontra qualquer tipo de artista e evento lá: exposição, concerto, festival, animação. E de diferentes horizontes: nacional, internacional, tradicional, contemporâneo”, afirma o francês, que vive em São Paulo desde o ano passado, quando conheceu sua atual mulher, brasileira.
2. Samba ao vivo
Pode ser estereótipo, mas o ritmo nacional é um dos mais buscados e apreciados pelos gringos. Os bares Ó do Borogodó e Pau Brasil são bastante lembrados pelos estrangeiros. “Gosto de ir lá por causa da atmosfera. São lugares pequenos, com uma audiência tranquila, e bons grupos”, afirma o alemão Christian Rustle, 24 anos, que veio ao Brasil em julho do ano passado para estudar na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.
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Ensaios de escola de samba também reúnem muitos estrangeiros. O angolano Alexandrino Nunes, 25 anos, mora no Brasil há quatro anos e não perde o programa. “É muito legal, porque nós, angolanos, admiramos muito o samba. Lá, toca muito o ritmo, em baladas e festas. Aqui, no Brasil, a ideia é beber na fonte.”
3. Museu Afro Brasil, Masp, Pinacoteca e Museu da Língua Portuguesa
Os museus da cidade também são lembrados pelos estrangeiros. Além do clássico Masp, outro que recebe destaque é o Museu Afro Brasil. “O local me ajudou muito a aprender sobre a história do Brasil, suas raízes e as diferentes influências que o fizeram um país tão rico e único”, afirma o francês Thipagne. O angolano Nunes completa: “Gosto de principalmente de exposições que retratam algum período ou contexto histórico do Brasil”.
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Os museus da região central da cidade, como Pinacoteca e Museu da Língua Portuguesa, também estão entre os preferidos dos gringos.
4. Vila Madalena
A região é um dos lugares prediletos da norte-americana Phuong-Cac, que vive em São Paulo há quatro anos. “É charmoso. As casas pequenas dão um sentido de bairro, uma coisa que os gringos estão mais acostumados.” Entre os lugares favoritos na Vila Madalena, ela cita o Les Delices de Maya, que “tem os melhores bolos da cidade”.
Os barzinhos da região não poderiam ficar de fora. Phuong-Cac destaca o Mercearia São Pedro, descrito como “bem brasileiro”.
5. Programas de rua
Outro tipo de passeio que os estrangeiros adoram são eventos e obras de arte que ocupam as ruas. Virada Cultural, Zombie Walk, Parada Gay, Cow Parade, performances e grafites são apenas alguns dos exemplos citados pelo argentino Bella. “A cultura está aí, mesmo quando, em São Paulo, muitas vezes, falta tempo e paciência para curtir.”
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“A Virada Cultural é parecida com um evento que ocorre em Madrid e eu sempre vou”, diz a espanhola Laura Rojo, 20 anos, em São Paulo desde julho do ano passado. Outro evento lembrado pela francesa Annabel é a festa de Nossa Senhora da Achiropita, que ocorre em agosto no bairro do Bixiga.