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Pesquisa: onde os gringos querem morar

Estudo aponta os bairros preferidos dos estrangeiros enviados a trabalho para São Paulo

Por Henrique Skujis
Atualizado em 5 dez 2016, 18h52 - Publicado em 9 abr 2010, 17h46

Executivos franceses gostam de casas com jardim, nos arredores do Parque do Ibirapuera. Americanos preferem condomínios fechados na Chácara Flora e costumam contratar empresas de segurança para avaliar o local antes de assinar contratos de locação. Os japoneses optam por apartamentos — com banheira — na região do Paraíso. Já os alemães priorizam áreas verdes como o Alto da Boa Vista. Essas são algumas das particularidades descobertas num levantamento da empresa Anglo Americana Imóveis, que há sete décadas lida com forasteiros abonados enviados a trabalho para São Paulo. “Os setores de construção, petróleo e automobilístico garantem movimentação constante de expatriados na capital”, diz Amir Makansi, sócio-diretor da imobiliária, que conta com corretores fluentes em espanhol, inglês, francês e alemão. “Mesmo quando a sede da empresa no Brasil fica em outro estado, é praxe montar uma base na cidade.”

Desde 2005, o Ministério do Trabalho e Emprego concedeu 2425 autorizações a expatriados com nível de gerência e direção para trabalharem no estado — quase a totalidade deles fixa residência na capital por, em média, dois anos. Muitos se apoiam em empresas especializadas para garantir que a adaptação ocorra sem sobressaltos. “Procuramos o imóvel conforme a nacionalidade e o estado civil do cliente”, afirma Makansi. Os solteiros, por exemplo, buscam bairros com vida noturna agitada, como Jardins, Itaim e Vila Nova Conceição. Os casados priorizam a proximidade da escola dos filhos. Costumam optar pela Zona Sul, onde ficam algumas escolas internacionais, caso da Graded, Chapel, Humboldt e Waldorf.

Outro fator levado em consideração é o orçamento oferecido pela matriz para a locação do imóvel. Conforme o cargo do funcionário, pode variar de 4000 a 50000 reais mensais para gastos com aluguel, condomínio e IPTU. Celina Sampaio, diretora da The American Society, associação que congrega estrangeiros de língua inglesa na cidade, calcula que executivos de alto escalão, como presidentes de grandes companhias e bancos, custam às suas empresas mais de 100000 reais por mês — além, claro, do salário. “Esse valor inclui o aluguel, a mensalidade do colégio e as despesas com motorista, jardineiro e segurança.” Normalmente, esse último quesito é o que mais preocupa. “A GM, por exemplo, não permite que seus funcionários morem em casa, mesmo dentro de condomínios”, diz Celina. Muitas matrizes americanas contratam especialistas em segurança antes de definir a localização do imóvel de seus funcionários. “Se eles encontram alguma vulnerabilidade no prédio ou no bairro, cancelam o negócio”, confirma Makansi. Corretora especializada em imóveis para executivos estrangeiros, a argentina Daniela Ramos cumpre a função de apresentar imóveis aos clientes, mas sempre acaba levando-os para conhecer a “cultura paulistana”. Os dois primeiros pedidos, diz ela, são quase sempre os mesmos: experimentar rodízio de carne e feijoada com caipirinha.

Churrasco com vizinhos franceses

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François Gilliot, francês que há um ano trabalha para um banco estrangeiro na capital, vive com a mulher, Elisabeth, e os filhos, Claire e Clement, em uma casa cercada de verde no Jardim Lusitânia, nos arredores do Parque do Ibirapuera. Tem vizinhos da mesma nacionalidade, com quem costuma fazer “churrasco brasileiro”, ir a restaurantes (é fã da pizzaria Quintal do Bráz) e a museus como o da Língua Portuguesa e o do Futebol. Além do trânsito, o que mais o surpreendeu foram as águas de fevereiro, março, abril… “Não sabia que chovia tanto em São Paulo.”

“Aqui, caminho numa boa”

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Depois de viver em Nova York, Tóquio e Jacarta (Indonésia), o canadense Gregory Moore não se assustou com o tamanho de São Paulo. Escolheu morar no Residencial Morumbi por indicação de expatriados conterrâneos, além de australianos e americanos. “O mais importante foi a proximidade da escola dos meus filhos”, diz ele, que já se acostumou a demorar mais de uma hora para chegar à sede do National Australia Bank, na Vila Olímpia. “Fazer o quê? Podia ser pior”, conforma-se. A insegurança não o incomoda. “Nova York, há quinze anos, era muito mais perigosa. Ninguém tinha coragem de usar o metrô. Aqui, caminho numa boa.”

No Paraíso, e com banheira

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Ricardo Tsuchida não é executivo nem expatriado. Mas é o responsável por todos os executivos expatriados da Komatsu, empresa japonesa de tratores, escavadeiras e motoniveladoras. Na hora de escolher a localização da casa de seus clientes, não titubeia: “Tem de ser no Paraíso”. O motivo é a concentração de orientais no bairro. “E por aqui passam os ônibus para o Campo Limpo, onde fica a Sociedade Japonesa de Educação e Cultura, a escola japonesa.” O que mais complica seu trabalho é a obrigação de encontrar apartamentos com banheira. “Dos banhos de imersão eles geralmente não abrem mão.”

 

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