Cemitério Vila Nova Cachoeirinha fecha por falta de covas, diz sindicato
Segundo órgão, sepultamentos só podem ser realizados após exumação de corpos antigos e unidade já encaminha cadáveres a outros locais; prefeitura nega
O Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital, o segundo maior de São Paulo, suspendeu nesta terça-feira (30) todas as atividades de sepultamento. A informação é do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep). No momento, o Serviço Funerário da capital está lidando com uma alta de 30% no número de enterros.
Segundo o Sindsep, o motivo é a falta de espaço para abertura de novas sepulturas e será necessário realizar a exumação de corpos de sepultamentos com mais de 3 anos para a viabilização de novos enterros no cemitério. Há a expectativa, segundo funcionários do cemitério, de que a liberação de novas vagas aconteça exclusivamente via exumação.
De acordo com relatos de funcionários do cemitério e familiares de falecidos, já na noite desta segunda (29) não foi possível realizar o sepultamento de corpos por conta da falta de vagas. Os corpos que chegam ao Vila Nova Cachoeirinha estão sendo encaminhados para outras unidades, como o Cemitério Chora Menino, também na zona norte, e o Cemitério de Perus, na zona leste.
Sucateamento
Segundo Alexandre Linares, assessor de imprensa da Sindsep, “o Vila Nova Cachoeirinha era um dos quatro cemitérios que recebia ampla maioria da densidade dos enterros para vítimas de Covid-19, junto com o da Vila Formosa, Sao Luiz e Vila Alpina”, e isso demonstra o colapso da unidade em termos de espaço e o grau de sucateamento do serviço funerário da cidade.
“Em 2001, os trabalhadores do serviço funerário eram 2300. Em 2018, o número caiu para 900 funcionários e hoje ainda menos, e para uma carga de trabalho muito maior. Os enterros já sobrecarregavam o sistema antes da pandemia e, no cenário pós-pandemia, esse número explodiu”, explicou Alexandre.
O Sindsep ainda afirmou que há décadas alerta para a falta de investimento e o sucateamento do Serviço Funerário Municipal de São Paulo. O sindicato justifica sua visão ao mencionar o recorde de sepultamentos e o excesso de terceirizações no setor. Por isso, exclamou pela urgente recomposição do quadro de trabalhadores do serviço público e pela necessidade de investimento e ampliação de cemitérios públicos na cidade.
A situação acontece após a prefeitura estender o horário de sepultamentos em quatro cemitérios municipais de São Paulo: Vila Formosa e Vila Alpina, ambos na zona leste; o São Luiz, na zona sul; e o próprio Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte. Os enterros, antes realizados das 7h às 18h, passaram a ocorrer das 7h às 22h.
O que diz a gestão municipal
À Vejinha, a prefeitura negou a informação do Sindsep ao dizer que “o Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte, não foi e não será fechado e continua funcionando para sepultamentos em jazibos – concessão – e para enterros de crianças. Segundo Alexandre, esses tipos representam grande minoria nos sepultamentos na unidade.
A prefeitura ainda afirmou que a medida consta do Plano de Contingenciamento Funerário da cidade e disse que não procede a informação de abertura de novas vagas apenas por exumação, mas não detalhou como estão sendo feitos os sepultamentos.
Pandemia em São Paulo
Apesar das medidas anunciadas pelo governo do estado para tentar frear o avanço do coronavírus, como a extensão da fase emergencial até o dia 11 de abril, São Paulo segue batendo recordes de mortes diárias por Covid-19 e a capital está acompanhando a tendência. A média móvel de mortes diárias na cidade de São Paulo mais do que dobrou em relação a duas semanas, quando teve início a fase emergencial no estado: saltou de 74 em 15 de março para 167, nesta segunda-feira (29). Um aumento de 125%. No mesmo período, o estado como um todo teve aumento de 67% na média móvel de mortes.
+Assine a Vejinha a partir de 6,90.